A educação e o desemprego no país

A educação e o desemprego no país

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), ao divulgar seu tradicional índice de Satisfação com a Vida de março ( calculado trimestralmente), revelou queda geral de 2,8% em relação a dezembro. Mas afinal, o que mais inquieta os brasileiros para derrubar assim esse índice? A resposta da pelo menos 2.002 entrevistados: o medo do desemprego aumentou4,1% no trimestre. É o segundo pior resultado da série histórica iniciada em 1999. Comparado com março de 2015, o aumento foi de 7,8%. A deterioração do mercado de trabalho, acelerada desde os últimos meses de 2014, quando a maioria dos agentes econômicos percebeu que a situação da economia do país era bem pior do que dizia o governo, provocou, em 2015, o fechamento de 1,5 milhão de empregos formais em apenas um ano. Os fatos gerados por esse medo do desemprego, ou seja, por essa expectativa negativa quanto à economia, se espalham por praticamente todas as atividades. Uma delas chama a atenção, não apenas pela frustração que causa em milhares de jovens, mas pelas consequências negativas para sociedade e a produtividade brasileira nos próximos anos. Pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular, sob encomenda do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), revelou que, dos 40,8 milhões de brasileiros que concluíram o ensino médio em 2015, apenas 47% (menos da metade) pretendem ingressar numa faculdade. A principal razão apontada pelos estudantes pesquisados foi o medo de perder o emprego, o que tornaria impossível o pagamento das mensalidades da faculdade. Esse risco se tornou mais preocupante com as restrições ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) do governo federal. Mesmo entre os estudantes que estão na faculdade (também ouvidos pela Data Popular), o medo de perder o emprego trouxe insegurança para boa parte dos alunos. Segundo a pesquisa, 58% dos matriculados disseram que continuariam estudando caso perdessem o emprego. Ou seja, 42% (percentual bem próximo dos que não pretendem se matricular) afirmaram que não terão como continuar na faculdade. São números que atestam o peso do emprego para a juventude de renda familiar mais baixa, bem como a importância do apoio financeiro à formação superior desses estudantes. Vítimas do desemprego e do desequilíbrio fiscal, eles se juntam aos que pagam preço alto pelos erros da gestão da economia nos últimos anos. Editorial - Diário de Pernambuco 19/04/2016

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI), ao divulgar seu tradicional índice de Satisfação com a Vida de março ( calculado trimestralmente), revelou queda geral de 2,8% em relação a dezembro. Mas afinal, o que mais inquieta os brasileiros para derrubar assim esse índice? A resposta da pelo menos 2.002 entrevistados: o medo do desemprego aumentou4,1% no trimestre. É o segundo pior resultado da série histórica iniciada em 1999. Comparado com março de 2015, o aumento foi de 7,8%.

A deterioração do mercado de trabalho, acelerada desde os últimos meses de 2014, quando a maioria dos agentes econômicos percebeu que a situação da economia do país era bem pior do que dizia o governo, provocou, em 2015, o fechamento de 1,5 milhão de empregos formais em apenas um ano.

Os fatos gerados por esse medo do desemprego, ou seja, por essa expectativa negativa quanto à economia, se espalham por praticamente todas as atividades. Uma delas chama a atenção, não apenas pela frustração que causa em milhares de jovens, mas pelas consequências negativas para sociedade e a produtividade brasileira nos próximos anos.

Pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular, sob encomenda do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), revelou que, dos 40,8 milhões de brasileiros que concluíram o ensino médio em 2015, apenas 47% (menos da metade) pretendem ingressar numa faculdade.

A principal razão apontada pelos estudantes pesquisados foi o medo de perder o emprego, o que tornaria impossível o pagamento das mensalidades da faculdade. Esse risco se tornou mais preocupante com as restrições ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) do governo federal.

Mesmo entre os estudantes que estão na faculdade (também ouvidos pela Data Popular), o medo de perder o emprego trouxe insegurança para boa parte dos alunos. Segundo a pesquisa, 58% dos matriculados disseram que continuariam estudando caso perdessem o emprego. Ou seja, 42% (percentual bem próximo dos que não pretendem se matricular) afirmaram que não terão como continuar na faculdade.

São números que atestam o peso do emprego para a juventude de renda familiar mais baixa, bem como a importância do apoio financeiro à formação superior desses estudantes. Vítimas do desemprego e do desequilíbrio fiscal, eles se juntam aos que pagam preço alto pelos erros da gestão da economia nos últimos anos.

Editorial – Diário de Pernambuco 19/04/2016

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