Tag: Wagner Geminiano

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Política Nacional de Formação de Professores é debatida na Comissão de Educação

Política Nacional de Formação de Professores é debatida na Comissão de Educação

Preocupados com a nova Política Nacional de Formação de Professores (PNFP) membros da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa realizaram no dia de ontem (13) uma Audiência Pública para discutir o assunto. O encontro contou com a participação de representantes da área de Educação, a exemplo do pró-reitor de Graduação da UPE, Luiz Alberto Ribeiro, do secretário de Educação de São José da Coroa Grande e representante da UNDIME, Wagner Geminiano, da professora Lúcia Falcão (UFRPE), de Alfredo Macedo, da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação e Cledimar Lima (SINTEPE). Críticas à PNFP e a falta de diálogo entre o ministério e os profissionais de educação foram pontos enfatizados pelos participantes da audiência. “"Quero levantar duas questões: um plano nacional de formação voltado para a educação pública básica, no Brasil, não pode ser restrito apenas a formação de professores, mas deve ser extensivo a todos os profissionais da educação. E este processo não pode ser feito sem se ouvir os municípios, excluindo-os do diálogo para a construção deste programa e, sobretudo, desconsiderando as particularidades regionais e locais de cada município", disse Wagner Geminiano, que ainda destacou  que é  preciso envidar esforços para que estas iniciativas sejam construídas ouvindo e com a participação de todos atores interessados e envolvidos. Mesmo sentimento expressado por Lúcia Falcão, representante da UFRPE. “Não houve debate, e a proposta foi lançada sem nenhum documento, apenas com uma apresentação no computador”. Presidente da Comissão de Educação, a deputada Teresa Leitão (PT) criticou o fato de o MEC anunciar medidas sem a realização de debates com a sociedade: “Não é a primeira vez que vivenciamos essa situação”. Como encaminhamento da audiência, a deputada Teresa Leitão acatou sugestão de elaboração de uma carta em apoio ao Pibid, destacando a necessidade de resgatar a importância do programa e reivindicando a prorrogação dos editais 061/2013 e 066/2013. O documento pleiteará, ainda, a elevação do Pibid à categoria de política de Estado. A parlamentar comentou também que a carta repudiará a falta de diálogo do MEC e o argumento da culpabilização dos professores pela baixa qualidade da educação. O ministério foi convidado a participar da audiência pública, mas não encaminhou representante. [...]
Bolsonaro não é Trump, o Brasil não é o EUA

Bolsonaro não é Trump, o Brasil não é o EUA

Não trabalho com exercícios de futurologia. Mas os horizontes de expectativas de que dispomos se constituem a partir de possibilidade e regras já dadas no presente. E a partir delas é possível fazer ou traças alguns prognósticos. O primeiro deles é bem direto: Bolsonaro não será presidente. Por mais que queiram compará-lo ao acontecimento Trump, nos EUA, afirmo Bolsonaro não é Trump e o Brasil não é os EUA. Argumento. Se observarmos as últimas sete campanhas presidenciais no pós-ditadura civil-militar, nenhum presidente chegou a ser eleito sendo candidato de si mesmo ou sem o apoio de uma ampla estrutura, seja ela partidária, de mídia, de movimentos sociais. Talvez o caso da candidatura mais próxima a que hoje se consolida em torno de nome de Bolsonaro tenha sido a de Fernando Collor, que também usava um discurso moralizador e anticorrupção e se mostrava como o novo, apesar de ser um filho das oligarquias e das elites políticas de Alagoas. Isto fez Collor seguir para o segundo turno com uma ampla frente de apoio das oligarquias regionais, assim como arregimentar praticamente todo o conglomerado de mídia familiar em torno do seu nome, rede Globo a frente – quem não lembra da edição criminosa do último debate dele com Lula? Mas Bolsonaro não é Collor. As oligarquias regionais não estão em torno de Bolsonaro e não parecem dispostas a apoiá-lo. Ao menos, não por hora. E o próprio Bolsonaro diz recusá-las, pois corruptas. E, segundo ele, com este tipo de gente não faria aliança. Bolsonaro está preso em uma armadilha que ele mesmo criou. Pois, no Brasil, não se ganha uma campanha presidencial sem se fazer alianças, sem se ter capilaridade social. Sem ter prefeitos, candidatos a deputados estaduais e federais, senadores e candidatos a senadores que levem seu nome, sua bandeira e suas ideias para todos os rincões do país. Sem esta base para dar capilaridade é praticamente impossível se eleger presidente no Brasil. Bolsonaro também não parece tolerar alianças com qualquer espectro das esquerdas, que tem em movimentos sociais e sindicatos um forte braço de militância política. Neste sentido, Bolsonaro parece ser até hoje candidato de si mesmo. O Messias contra todos. A realidade de uma campanha política em um país continental ainda não lhe bateu a porta. Para fazer campanha presidencial no Brasil é preciso, também, estrutura financeira. E com as novas regras aprovadas, Bolsonaro só seria viável se filiado a um grande partido político, o que parece não ser o caso. Até o momento nenhum parece estar disposto a lhe dar legenda. Hoje ele roda o Brasil usando sua cota parlamentar e fazendo campanha de aeroporto onde, geralmente, seu secto de homens geralmente brancos, estilo bombados de academia, suados e se acotovelando se empurram e se atracam, como fãs ensandecidos do Justin Bieber tropical, para levar “o mito” nas costas. Faltará a Bolsonaro, durante a campanha, tempo de televisão. Um fator também primordial numa campanha presidencial. Que o diga Marina Silva, um fenômeno que, na eleição passada, aparecia com densidade eleitoral muito maior que a de Bolsonaro hoje, e ainda por cima surfando na onda da comoção nacional em torno da morte de Eduardo Campos, mas que não resistiu a um mês de dura e intensa campanha de rádio e televisão. Sem contar que Marina é muito mais preparada que “o mito”. Bolsonaro também não conta com a simpatia da grande mídia. Joga, muitas vezes, contra ela. É desse diversionismo que tira parte de seus admiradores. Esta mídia, se sentir a ameaça Bolsonaro em torno do seu candidato de predileção no segundo turno, não medirá esforços em destruí-lo, como já começa a apontar a Veja desta semana. Some-se a isso o despreparo e o desequilíbrio do próprio Bolsonaro. A imagem Bolsonaro não resiste a dois debates em rede nacional e a uma entrevista ao JN. Ele não sabe nada de política econômica, de políticas de saúde e educação, de controle de inflação, de relações de comércio internacional. Até nisto Trump lhe dar de goleada. Ao contrário deste, Bolsonaro é um boçal. É um ex-milico a moda antiga, que acha que tudo se resolve na força e na porrada. Para quem o cultivo da inteligência e do conhecimento são coisas de maricas. Quer ver um retrato disso, assistam aos debates e entrevistas de seu filho, Eduardo Bolsonaro, na última eleição para Prefeito no Rio de Janeiro. O que realmente preocupa na candidatura Bolsonaro é saber que no Brasil de hoje há cerca de 8% da população – que correspondem aos 16 % que dizem votar nele – que pensam e agem tendo a imagem de Bolsonaro como algo que os representa. Isto sim é preocupante. E mais preocupante ainda é saber que do universo de seus eleitores, cerca de 60 % são jovens, entre 16 e 24 anos de idade, segundo o último Datafolha, geralmente homens, brancos, classe média, escolarizados. Isto mostra que teremos de conviver no Brasil, ainda por muito tempo, com as marcas e as sementes do fascismo. Com o discurso de ódio, de incentivo a violência como meio de solucionar os conflitos sociais. Com a estupidez e ignorância como produtos do medo e do desamparo que tem tomado de conta desta parcela da população, que nasceu e cresceu dentro das benesses de um estado de bem-estar social e que hoje vê seus horizontes de expectativas limitados por uma crise política e econômica que nunca haviam visto na vida. O voto Bolsonaro é esse voto de medo e desespero. É um voto inseguro em busca da segurança que vislumbram no macho alfa, “no mito”. No fundo são jovens desamparados que não sabem lidar com a liberdade que o mundo onde nasceram os proporciona e que agora procuram um pai que os discipline. Infelizmente teremos de lidar com meninos mimados por muito tempo. O que não é o problema. O problema é que são geralmente meninos mimados e desamparados que são usados para emprenhar e fazer a cadela do fascismo procriar seus filhotes. É aqui que mora o perigo da candidatura Bolsonaro, não por que ele seja a cadela do fascismo, mas por que é ele quem alimenta quem pode emprenha-la. Wagner Geminiano Doutorando em História pelo PPGH-UFPE. [...]
Lula não é um mito, Lula é uma ideia

Lula não é um mito, Lula é uma ideia

Durante um determinado período da História do Brasil República o debate político e intelectual foi uma constante, tanto no campo da esquerda quanto no campo da direita e de um com o outro. Debate de alto nível envolvendo figuras de proa do pensamento brasileiro como Merquior, Celso Furtado, Caio Prado, Roberto Campos e inúmeros outros. Infelizmente esta tradição foi soterrada nos últimos anos, primeiro por um jornalismo rasteiro e simplório e depois pela internet e a mediocridade do senso comum que tem se generalizado de parte a parte. Por que faço essa introdução? Para dizer da imensa alegria em poder dialogar, mesmo que dentro do mesmo espectro político, com o amigo Bruno Oliveira, que ao citar um texto meu sobre Lula e sua caravana pelo Nordeste fustigou o debate. Pois bem, comecemos pelo começo. O título do artigo de Bruno. O que Lula veio fazer em Pernambuco? Respondo, discordando. Lula não veio a Pernambuco. Lula passou por Pernambuco. Portanto, seus movimentos políticos tanto aqui quanto no estado vizinho de Alagoas não podem ser entendidos como uma visita pontual, fora de uma estratégia política de ordem nacional. Que diz respeito, sobretudo, a construção da possibilidade de 2018, muito mais que da candidatura de Lula. Nesta perspectiva o diálogo com Renan em Alagoas e com os Campos aqui é mais que fundamental. Haveria Lula de ter conversado com outros quadros, e preservar um certo moralismo puritano? Possivelmente. Mas a intenção de Lula nesta caravana não é falar só para convertidos e tão somente para os puros de coração. Em Alagoas e Pernambuco, Renan e os Campos, assim como Armando ainda são àqueles com os quais ainda é possível conversar, senão para converte-los, mas ao menos para não tê-los como inimigos, numa batalha que promete ser violenta, de vida ou morte. Na Paraíba, no Rio Grande do Norte, no Ceará, Piauí e Maranhão Lula está tendo e terá uma outra realidade. Na Paraíba Ricardo Coutinho, também do PSB, é o governador melhor avaliado do país, lhe fez palanque e foi, desde muito tempo, aliado de primeira ordem. Lá Lula não precisa dialogar com os Cunha Lima, por exemplo. O mesmo ocorre no Rio Grande do Norte e até mesmo no Ceará, dos Gomes, onde o PT e as esquerdas tem um forte lastro social e ainda preserva grande capital político a nível estadual. O mesmo valerá para o Piauí e o Maranhão, onde temos, respectivamente, um governador do PT e outro do PCdoB. Mas também não se espantem se Lula vier a conversar com Sarney, por que dentro da estratégia nacional este ainda pode ser uma força a ser arregimentada para a construção de consensos mínimos. Dei estes exemplos para demonstrar que, diferente do que argumenta Bruno Oliveira, Lula não veio a Pernambuco para desfazer uma estratégia das esquerdas ou redefinir alianças ou até mesmo não ouvir as bases. Por que, de todos os estados nordestinos, Pernambuco é onde as esquerdas se encontram mais destroçadas. Assim como não há lideranças, também não há bases e não há militância para além de alguns gatos pingados. Em especial no PT. Tanto que o nome que se coloca como possibilidade é o de uma herdeira de Arraes, que só saiu do PSB por que foi preterida pelo atual grupo político que hoje o hegemoniza no estado. As bases do trabalhismo pernambucano, em especial aquele ligado ao campo, sempre foi arraesista. A militância de esquerda, em sua maioria, idem. Lula, melhor que ninguém, sabe disso. Seu diálogo com os Campos é uma tentativa de preservar alguma coisa do PT no estado, muito mais que capitalizar para si algum dividendo político. Lula usa sua força para salvar o PT no estado, por que ele sabe que em Pernambuco ele é imensamente maior que a própria esquerda. Fora a questão nacional já aludida, se há um componente local de sua visita aos Campos, é esse. Por fim, retomo o argumento que dá título a este texto. Lula não é um mito, Lula é uma ideia. E as ideias se prolongam no tempo e se adaptam a ele. O que torna Lula raro é justamente sua capacidade adaptativa. É esse faro político de enxergar o obivio. O que no Brasil de hoje, envolto numa bruma de desesperança, lhe dá uma vantagem enorme. Lula é o que é não por que seja um mito ou um deus grego, apolíneo, mas porquê humano, demasiado humano. No mundo do marketing e da propaganda, onde tudo parece fabricado e artificial, Lula permaneceu humano, contraditório, chorão, brigão, fanfarrão, vaidoso, risonho, bravateiro, bonachão, povo. Até quando lhe acusam reforçam sua humanidade. O presidente que era a "porra toda", o "chefe da quadrilha" foi, supostamente, corrompido por um sítio mequetrefe com dois pedalinhos e um barco de lata, e três unidades do minha casa minha vida empilhadas uma em cima da outra, numa praia classe média baixa de São Paulo. Vai ser povo assim em Atibaia e no Guarujá. Igual Cabral, Aécio, Serra et caterva. A força política de Lula não vem de sua mitificação, mas de sua humanidade. Da capacidade política que ele tem de compreender que é um agente histórico e que só é capaz de agir a partir dos dados concretos que esta realidade impõe. Não se faz política fora da história, e as condições históricas que temos hoje são as mesmas das eleições passadas. A utopia tem de ser um horizonte, mas ela não se constrói com sonhos e sim na dureza da realidade de cada dia. Lula, mais uma vez, mesmo do alto de seus 71 anos, está dando a cara a tapa para bater. E apanhar da realidade requer coragem, inclusive a de arriscar e ver dar tudo errado novamente. Mas com a certeza de levantar novamente e arriscar outra vez. É isso que Lula vem fazendo nos últimos 40 anos. Acertando e errando, como todo ser humano. Mas sempre de pé, firme como uma ideia. Por Wagner Geminiano - Doutorando em História pela UFPE e colunista semanal do Blog Ponto de Vista [...]
Coluna Ponto a Ponto (27/08) – Lula, por 2018

Coluna Ponto a Ponto (27/08) – Lula, por 2018

PONTO I - A caravana de Lula pelo Nordeste tem apontado para alguns significados. O primeiro e mais fundamental deles é o de que política é uma arte que se faz dialogando. E diante das atuais regras e circunstâncias históricas, (re)construindo e estabelecendo pontes com aqueles que ainda é possível fazê-lo. PONTO II - Outro significado que emerge das visitas e encontros promovidos por Lula é a necessidade de distensionar a sociedade brasileira. Em meio a polarização e radicalização Lula é o primeiro grande nome a sinalizar, de forma prática, para a necessidade de retomada do diálogo político e da construção de consensos mínimos. O que Lula diz é simples e óbvio: a radicalização à direita ou a esquerda não é boa para ninguém. Em especial para o país. É preciso reconstruir o Brasil, e isso só será possível construindo pontes e não erguendo muros. PONTO III - Lula não faz nada de novo. Lula não tem dito nada de extraordinário. Ele faz e diz o óbvio. Mas neste momento histórico fazer e dizer o óbvio não é só o que resta possível, mas é o extremamente necessário para dar um mínimo de esperança a uma sociedade despedaçada e fragilizada, como a do Brasil de hoje. PONTO IV - Outra mensagem que a caravana de Lula busca passar é a de que ainda há futuro. Com ou sem Lula na disputa eleitoral, 2018 tem que ser possível. Portanto, qualquer saída para a crise brasileira passa pelo voto popular. As aventuras golpistas travestidas por eufemismos como "parlamentarismo" e "semipresidencialimo" não podem prosperar. Assim como não pode prosperar as figuras aventureiras fantasiadas de apoliticismo e pautadas pelo discurso do ódio, da intolerância e da radicalização ainda maior, seja ele no estilo quarteleiro de Bolsonaro ou no almofadinha de Doria. PONTO V - Hoje há um consenso no Brasil: a rejeição quase que absoluta ao desgoverno não eleito de Michel Temer. O país afunda sob o seu não comando e o que resta é vendido e entregue a preço de banana. O Brasil foi posto a venda com tudo dentro, inclusive com a mão de obra que já era barata e que agora passará a semiescrava, dada as reformas do governo não eleito. PONTO VI - Aqueles que assaltaram o poder de Estado e sequestraram o Brasil apostam todas as fichas em expedientes pouco ou nada republicanos e na falta de memória da população para se perpetuarem nos seus cargos e com seus privilégios. Resta saber se já combinaram com a população. Por ora esta mostra-se resignada e apática. Mas há a sensação que algo queima como fogo de monturo. PONTO VII - Deputados federais e senadores, em especial àqueles que pleiteiam um retorno, reeleitos, a Brasília próximo ano estão caminhando sob o fio da navalha. Em especial os que estão agarrados ao governo não eleito e acreditando que as inúmeras emendas liberadas no balcão de negócios que se tornou as duas casas os salvará. Contam com a desmemoria e, sobretudo, com o poder de transferência de votos dos prefeitos em suas bases. É uma aposta arriscada. Não será fácil pedir votos para os cargos proporcionais. Haverão os prefeitos de partir para o desgaste e pedir votos aos seus eleitores, mesmo sabendo dos efeitos da crise que já bate a porta dos municípios e da população mais humilde? PONTO VIII - Apostar na falta de memória da população é ainda mais arriscado. Está gravado como uma cicatriz profunda na lembrança da população brasileira os dois momentos mais vergonhosos da história recente da República: a votação do impeachment e, mais recente ainda, a votação pelo prosseguimento ou não da denúncia contra Temer. A população haverá de cobrar esta fatura, e me parece que a conta será alta. PONTO IX - Provocou arrepios nos ingênuos, de lado a lado, a visita de Lula aos herdeiros políticos de Eduardo. Não se assustem se PT e PSB virem a singrar os mares da camapanha eleitoral de 2018 juntos, em Pernambuco. Esta é uma ponte que, na visão de Lula, precisa ser reconstruída caso qualquer candidatura de  centro esquerda queira ser viável e vencedora nas eleições presidenciais de 2018. Se houver 2018!!! PONTO X - Para o PSB de Pernambuco colar a imagem de Paulo Câmara a Lula não seria má ideia. Principalmente diante do desgaste e da falta de carisma que goza o governo do estado e o governador, respectivamente. Todos sabem que Lula é, desde algum tempo, o maior cabo eleitoral de Pernambuco. Haveria apenas uma equação a resolver em meio a tudo isso, e ela tem nome e sobrenome: Marília Arraes. Wagner Geminiano - Doutorando em História pelo PPGH-UFPE. [...]
Coluna Ponto a Ponto (22/07) – A República fora do horizonte de expectativas do Brasil.

Coluna Ponto a Ponto (22/07) – A República fora do horizonte de expectativas do Brasil.

PONTO I - O historiador alemão Reinhart Koselleck afirma que os projetos de futuro no passado foram aquilo que mobilizou às sociedades ocidentais a partir do século XVIII. Tais sociedades mobilizavam-se a partir dos horizontes de expectativas em disputa em um dado espaço de experiência. Por que retomo esta questão? Para pensar nosso momento histórico. No Brasil de hoje os horizontes de expectativa se desfazem num espaço de experiência em que a desesperança e a apatia provocam a negação de qualquer possibilidade de futuro. O Brasil hoje é um país sem futuro. A matilha no poder nos tirou as expectativas de futuro. Nosso futuro é sempre um passado reeditado. PONTO II - E reeditamos um passado cada vez mais tenebroso. As facções em disputa pelo poder de Estado colocaram por terra qualquer possibilidade de república e de relações institucionais republicanas. Vivemos uma guerra de facções em que governo, legislativo, judiciário e mídia se engalfinham como hienas e abutres na disputa pelos restos da carcaça que um dia nomeamos e buscamos construir como estado brasileiro, como nação, como república. PONTO III - A nação está sob a égide da "força da grana que ergue e destrói coisas belas". Estamos nas mãos de elites econômicas feitoreiras que só pensam em espoliar o país e que, hoje, como ontem, têm os olhos, o corpo e alma voltados para o estrangeiro. Onteontem para Coimbra, ontem para Paris, hoje para Miami. Amanhã para qualquer outra coisa que não se chame Brasil. PONTO IV - Nossas elites políticas no poder de estado são as mais abjetas que se tem notícia na nossa história. Jarbas Vansconcelos afirmou, dia desses, que se encontra políticos em Brasília para qualquer acordo, menos nomes que queiram discutir o Brasil. Pensar o país não interessa a imensa maioria de nossos deputados, senadores e ministros em Brasília. Interessa-lhe o poder de estado revertido em emendas, prebendas, cargos e posições que ratifiquem o patrimonialismo que está no DNA de suas formações. PONTO V - Para dizer que não falei das flores. A classe trabalhadora ainda vive a ressaca da dolorosa derrota sofrida a cerca de 10 dias atrás. Os vencedores de sempre continuam vencendo, e de goleada. Só que esta derrota não é fruto somente do volume de jogo do inimigo. É preciso considerar a desmobilização produzida pelo Partido dos Trabalhadores, quando no poder, dos movimentos sociais, dos sindicatos e congêneres utilizando-se dos mesmos expedientes com os quais o governo não eleito, hoje, coopta deputados e senadores. Ou seja, com sinecuras, prebendas, emendas e liberação de recursos. Hoje quando se precisa da torcida para reagir, ela encontra-se desmobilizada em sua base. PONTO VI - Machado de Assis dizia, já no século XIX, que havia um Brasil oficial e um Brasil real. E que ambos estavam separados por um abismo intransponível forjado pela desigualdade social e a distância pela qual nossas elites sempre impuseram à "raia miúda" das decisões da construção do Estado e da Nação. Hoje este abismo é ainda maior. E o fosso além de se esgarçar ainda mais interpõe entre um país e outro o muro do cinismo. Assistir Temer se pronunciando da a dimensão desse fosso. Ele parece viver em outro mundo, em um outro tempo. E vive. Ele é a expressão mais abjeta do Brasil oficial, que se completa com figuras como a de Aécio Neves e Gilmar Mendes. PONTO VII - Há uma zona cinzenta, muito pouco comentada e ainda bastante obscura nos acontecimentos que constroem estes dias tristes. Qual seja: o silêncio das forças armadas. O que ele significa? Respeito a ordem constitucional? Zelo para com a hierarquia? Sentido democrático? Acredito que não. O silêncio das forças armadas e de sua cúpula representa a total conivência com estes dias tristes. Eles foram as primeiras instituições a garantirem o seu quinhão nos despojos de guerra pós-impeachment. Estão fora de todas as reformas que atingem os simples mortais. Impuseram seus interesses pelo medo dos "milicos" nas ruas que ainda assombra nosso imaginário civil, a esquerda e a direita. E, no Brasil, as Forças Armadas sempre tiveram um histórico conservador, quando não reacionário. Nada de novo no front, portanto. PONTO VIII - E as panelas teflon? Por que silenciaram, mesmo diante do caos político e institucional em que o país se encontra? Mesmo diante da corrupção generalizada e explícita? O silêncio é complacente. A indignação das panelas teflon nunca foi contra a corrupção. Era contra o PT, contra Lula e Dilma. Era contra a aproximação social com os extratos inferiores. A indiferenciação social com os de baixo é o seu grande pesadelo. Por isso que mesmo com um aumentou de impostos colossal sobre os combustíveis continuam mudas. Vai ficar mais difícil os pobres não só comprarem, mas, sobretudo, manterem um carro novo. Logo logo ele volta a ser símbolo e exclusividade classe média. Para que bater panela? As coisas estão voltando ao seu lugar. Ordem e Progresso. PONTO IX - E seguimos. "Sem lenço e sem documentos", "nada no bolso ou nas mãos" e "esperando a banda passar". "Vai passar"..."Vai passar". Wagner Geminiano* Doutorando em História pelo PPGH-UFPE e colunista semanal do Blog Ponto de Vista [...]
O erotismo em torno do “BOLSOMITO” – Por Wagner Geminiano

O erotismo em torno do “BOLSOMITO” – Por Wagner Geminiano

A maioria homens brancos, jovens, aos gritos, berros, se acotovelando, se empurrando. Muitos deles sem camisa. Outros cabeças raspadas, alguns musculosos tipo "bombados de academia". Todos "cidadãos de bem", zelosos da "moral e dos bons costumes", defensores da "família" e dos "valores cristãos", em especial o que diz "bandido bom é bandido morto" - da família dos outros, claro. Todos irmanados num único grito de guerra e de uma hastag, quase uma palavra de ordem: "bolsomito", "#bolsonaro2018". Esta parece ser a cena mais comum em torno das aparições públicas, nas suas peregrinações já em campanha, do deputado Jair Bolsonaro, país a fora. Não há como não ver nessas cenas um certo teor erótico. Uma imensa maioria de homens, ditos heteros, em busca de uma referência de masculinidade, de um macho, puro sangue, que os represente. A busca desesperada de um falo que fale para eles, como eles imaginam, e que aplaque a sensação de insegurança antes às ditas ameaças - sejam elas representadas pelas mulheres ou pelos homossexuais - a dita masculinidade heterossexual. Bolsonaro tem consciência deste desejo quase que sexual de seus seguidores por sua imagem de macho, ex-Capitão do exército. Símbolo de virilidade. Ele joga com isso. O recurso às armas, quanto maior melhor, é um exemplo típico desse jogo. Aparecer empunhando uma arma enorme, leva seus seguidores ao delírio, quase ao gozo, que se traduz no urro "bolsomito". A arma em punho é um símbolo fálico sempre em riste, apontado para às supostas ameaças desmasculinizantes. Mas este não é o único recurso empregado neste ritual erótico entre Bolsonaro e seus seguidores. Outro é o recurso à violência. O uso da violência e da agressividade verbal como retórica. Querer ganhar a discussão no grito, no berro, na ameaça. É o uso de mais um suposto símbolo de virilidade e macheza para recrutar seguidores duvidosos de sua própria virilidade e macheza. Que buscam, desesperadamente, um símbolo másculo que os identifique e com o qual se identifiquem. São homens duvidosos de sua condição a procura de um macho, de um ser viril e másculo. Bolsonaro os representa. Ele é o seu macho, o "mito". Um falo sempre em riste e que não amolece ante quem quer que seja, e que fala o que pensa sem medo de cara feia. É o macho a seguir, é o macho a perseguir. Esse é o homem. Seus seguidores gozam ao pronunciar "bolsomito". Ficam todos molhados e suados ao se amontoarem em saguôes de aeroportos para poderem ver e, quem sabe, tocar o "mito", colocá-lo nas costas ou em cima dos ombros. Seria o êxtase. É o êxtase. Freud sempre explicou. Os desejos que Bolsonaro mobiliza em seu seguidores são eróticos e sexuais. Isto torna praticamente impossível quaquer discussão racional com seus seguidores, que não descaminhe ou termine na mobilização de um dos elementos simbólicos discutidos acima. O desejo e o erotismo prevalecem nessa relação. Gozam "bolsomito". Por Wagner Geminiano - Doutorando em História pelo PPGH-UFPE. [...]
Coluna Ponto a Ponto – Eles continuam vencendo…. Os vencedores de sempre!

Coluna Ponto a Ponto – Eles continuam vencendo…. Os vencedores de sempre!

PONTO I - A semana que se encerra é mais uma daquelas que carregam os dois últimos séculos na vertigem dos acontecimentos que a forjaram. E como os dois últimos séculos estão presentes nesta semana!!! Nem mesmo a literatura fantástica de um Gabriel Garcia Marques parece fazer frente a irracionalidade e ao absurdo que se tornou o Brasil dos dias que correm. Nos tornamos o país da insensatez, do absurdo, que se alargam a cada acontecimento, a produzir apatia e desesperança. E ainda por cima governado por uma camarilha de cínicos e corruptos. PONTO II -  Uma vitória acachapante das elites brasileiras e dos interesses estrangeiros que elas representam. É assim que deve ser descrita a aprovação da "reforma trabalhista" pelo senado e a sua sansão pelo presidente ilegítimo, não eleito e corrupto. Como diria Cazuza, não basta só os "inimigos estarem no poder". Eles estão vencendo de goleada. E soterrando qualquer projeto alternativo de país que não seja o dos privilegiados de sempre. Nossas oligarquias, as elites feitoreiras e antinacionais e seu facciosismo antidemocrático que toma de assalto o Estado brasileiro, colocado sempre a serviços de seus interesses mesquinhos, privados e colonizados. PONTO III - Nossas elites estão exultantes. Com a ajuda de um governo que tem como prática política o gangsterismo explícito, elas conseguiram aquilo que nem a ditadura civil-militar foi capaz de lhes garantir. Ferir de morte a CLT e, praticamente, colocar por terra, do ponto de vista legal, um dos grandes símbolos do trabalhismo getulista. A FIESP foi a forra e pôs pra fora todo o seu revanchismo represado desde 1932. 85 anos depois, uma vitória sobre o varguismo. São Paulo tem sua revanche. PONTO IV - Os editoriais dos Marinhos, Frias, Mesquitas, Saads et caterva saudaram tal acontecimento como um marco na história do país. A ruptura com aquilo que chamavam de "grande entrave a modernização trabalhista do país". O que sempre haviam buscado só a camarilha golpista, que ainda ajudam a sustentar no poder, até que lhe entreguem o pacote completo, conseguiram lhes entregar dada a falta de compromisso da imensa maioria dos deputados e senadores com qualquer coisa que lembre palavras como país, nação, sociedade, povo, trabalhadores. No Brasil de hoje, infelizmente, os vencedores de sempre não cansam de vencer. E tem vencido cada vez mais fácil e sem reação ou resistência alguma. Tem vencido até sob os aplausos daqueles a quem sempre oprimiram. PONTO V - Mas os vencedores de sempre não se contentaram com um 7x1 sobre os trabalhadores e sob aplausos do adversário. Queriam mais. E pediram a seu menino prodígio, o "juizeco" da República de Curitiba, a cereja do bolo, o grande troféu da caçada. A cabeça de Lula. Moro cumpriu, apenas em partes, com àquilo para que foi programado, por termo a Lula. Mas ele hesitou. Ao condená-lo fraquejou em mandar prendê-lo, para, segundo ele, evitar "um trauma maior". Contudo, não deixou de ser simbólico e mais um ato político do juiz-promotor de Curitiba, condenar o maior líder popular, sindical e trabalhista do país logo após o soterramento da CLT por uma camarilha golpista e corrupta, que permanece livre, leve e solta, a exemplo do tucano Aécio Neves, dos pmedebistas Jucá, Gedell et caterva. Moro foi mais político que nunca. Mais uma vez deixou claro para que serve e a quem serve, nestes tempos de justiça politizada. PONTO VI - Moro tem lado. E não é o da justiça. Sempre foi parte no processo. E foi como tal que prolatou a sentença. Usou mais de 200 páginas para tentar argumentar e dar substância a suas convicções. Esqueceu-se das provas. Usou a peça para fazer autodefesa do que fez no processo inteiro, discurso político. Condenou Lula por lavagem de dinheiro, mas não apresentou o caminho do dinheiro da Petrobrás a Lula. Em tempos de normalidade jurídica, Moro seria prontamente destinado ao lugar que se reserva aos "juizecos" políticos, a do opróbrio e do esquecimento, ridicularizado pelos pares cônscios de que justiça não se faz sendo parte, mas tão somente justo e cumpridor da letra da lei.  PONTO VII - O processo contra Lula movido por Moro é o nosso caso Dreyfus. A partir das suas convicções, prolatadas como sentença, Moro vem despertando e estimulando uma onda de ódio e ressentimento país a fora. Onde o sentimento de justiçamento e linchamento público tem tomado o lugar de qualquer ideia de justiça. Moro tornou-se o herói dos ressentidos e frustrados. De uma classe média que odeia Lula por tê-la aproximado socialmente daquilo que mais odeiam, os pobres. E a distanciado da ilusão daquilo que sempre almejaram ser, as elites. Hoje preferem ser os dobermans das elites, destilando raiva, babando ódio e rosnando os dogmas e ideias dos seus donos, a admitir o seu analfabetismo político e a dificuldade de aceitar o seu lugar social como mais próximo da pobreza que do luxo que as aliena apenas como fetiche. PONTO VIII - A elite exultante comemorou com seus dobermans, rosnando nas ruas e nas redes sociais. Mais uma vez a indignação seletiva e a hipocrisia deste Brasil veio a tona. O Brasil que comemorou a condenação de Lula é o mesmo que silencia com a absolvição de Aécio e que se prostra diante do governo temeroso e corrupto. E que aplaude a reforma trabalhista por se sentir empoderado em poder discutir, na mesma mesa, tete a tete, as relações trabalhistas com seus empregadores. É o mais próximo que podem chegar de seus heróis. Para que sindicatos? Sentarão à mesa com o chefe. Voltamos, definitivamente, ao Brasil Casa Grande & senzala. PONTO IX - Mas os efeitos imediatos destes dois acontecimentos não são os mais nefastos. Certamente as próximas duas gerações ainda sofrerão os efeitos do retrocesso causado pela deforma trabalhista e, sobretudo, pela nova jurisprudência que Moro tenta criar, condenando sem provas e baseado apenas em convicções. Moro busca enterrar a tradição do empirismo jurídico anglosaxão e ressuscitar as teorias vigentes durante o nazifascismo alemão. Dias difíceis pela frente. Não foi só Lula a quem Moro condenou, mas as bases, frágeis, de nossa justiça e do Estado Democrático de Direito. A coluna Ponto a Ponto História e Política é escrita pelo Pós-doutorando em História pela UFPE, professor Wagner Geminiano, colunista semanal do Blog Ponto de Vista. [...]
Coluna Ponto a Ponto (09/07) – As saídas para o país não podem esperar só por 2018.

Coluna Ponto a Ponto (09/07) – As saídas para o país não podem esperar só por 2018.

Coluna Ponto a Ponto - História e Política PONTO I - Mais uma semana que se encerra, mas que, infelizmente, não encerra o nosso calvário como sociedade e nação. O fosso só se aprofunda mais a cada dia. Discute-se de um tudo, até salvar Temer. Ao preço de bilhões em emendas parlamentares. Mas poucos, dos que estão em Brasília hoje, parecem estar interessados em pensar saídas para o Brasil. A avacalhação da política, como bem disse Bob Fernandes esta semana, está nos desfazendo enquanto nação. Saímos de um arremedo de Estado Democrático de Direito e vamos rumando, sem freios, na direção do facciosismo democrático. O Estado e a nação estão fraturados. Quem juntará seus cacos? Há interesse para isso? São perguntas que precisam de respostas urgentes. E não dá para aguardar por 2018. PONTO II - 2018 não resolverá nossos problemas. Assim como não resolverá e muito menos cortará as raízes que nos atam ao atraso e aos vícios de nosso passado. Não é uma simples eleição que porá fim, por exemplo, ao patrimonialismo que toma de assalto e esfarela qualquer possibilidade de um Estado a serviço dos interesses públicos, coletivos. PONTO III - Certamente a construção de saídas deve passar por eleições gerais, o mais rápido possível. Devolver a soberania do voto popular é urgente. No entanto, ele não pode ficar restrito apenas a uma troca de presidente mediante uma luta por Diretas Já. Se não se modificar o Congresso e o Senado que temos, símbolos maiores de nosso facciosismo democrático e do patrimonialismo, continuaremos apenas trocando nomes e mudando para não mudar. PONTO IV - Pernambuco é um exemplo clássico disso. A "terra dos altos coqueiros" desde que foi feudalizada pelo "Imperador Eduardo", que comandava do Palácio do Campo das Princesas os interesses dos príncipes locais, com prebendas e indicações, hoje se vê assaltada pelo patrimonialismo e pelo facciosismo democrático. Os príncipes e suas dinastias locais se rebelam contra o Palácio. O Palácio tenta acenar para além muros, mas falta-lhes Eduardo para segurar a deserção dos Arraes. A perda da mística do nome Arraes é, certamente, a maior derrota política do Palácio, desde a morte de Eduardo. PONTO V - Os príncipes se engalfinham. Sentindo o trono enfraquecido, crescem os olhos para tomarem assento nele. Coelhos, Arraes, Araújos, Gomes, Mendonças, Vasconcelos, Ferreiras, Monteiros...É o facciosismo democrático, e nem um pouco republicano, em estado puro. Sem máscaras. A "nova Roma" mais parece uma capitania hereditária, sendo disputada pelos seus "bravos guerreiros". PONTO VI - Impera na política pernambucana, como em nenhum outro momento de sua história, o familismo, o filhotismo, o facciosismo, o elitismo, o personalismo e o patrimonialismo. Até mesmo quem se apresenta como renovação é produto destas práticas políticas. E ironia das ironias, apresentada pelo Partido dos Trabalhadores, que no estado, mais do que em qualquer outra parte do país, envelheceu, não se renovou e que agora apresenta como solução e mudança um produto daquilo que sempre combateu como sendo o atraso. Tempos difíceis. PONTO VII - O trabalhismo, nos seus embates políticos, em  Pernambuco sempre foi mais arraisista que petista. Parece que hoje estamos observando o casamento, a esquerda, destas duas correntes sob o apadrinhamento do lulismo. É isto mesmo, a esquerda também é personalista. PONTO VIII - A avacalhação da política tem produzido tudo isto. E de forma mais assustadora e aprofundada nos dias que correm. Pois não só tem afastado os eleitores e gerado uma crise de representatividade, mas, também, impedido a renovação dos quadros e a inserção de nomes e rostos novos no mundo da política. Termino recuperando Hannah Arendt: da negação da política e de sua avacalhação nasce o fascimo. É preciso recobrarmos nossa responsabilidade coletiva diante de nosso presente. Para que ainda tenhamos futuro, para além de 2018. PONTO IX - As saídas para o país não podem esperar só para 2018. Precisamos assumir nossa responsabilidade coletiva e começar a construí-las hoje. Sob pena de permanecermos no mesmo lugar amanhã e sempre. Wagner Geminiano - Doutorando em História pelo PPGH-UFPE e Colunista semanal do Blog Ponto de Vista. [...]
Coluna Ponto a Ponto (01/07) – Entre o vazio e a desesperança: Há saídas?

Coluna Ponto a Ponto (01/07) – Entre o vazio e a desesperança: Há saídas?

PONTO I - O ministro Edson Fachin, monocraticamente, concedeu liberdade a Rocha Loures e pôs fim a esta coluna, que havia sido escrita um pouco antes de sua decisão. Mas que depois dela perdeu todo o sentido do que havia escrito. As teorias que tentam explicar o país não tem resistido a muita coisa. Muitas vezes este presente contínuo onde estamos inseridos defaz até o passado mais recente, sem que nem ao menos tenhamos processado o acontecimento anterior. Sexta-feira, 30 de Junho de 2017, foi uma eternidade de absurdos. PONTO II - "Quando os homens exercem seus podres poderes" o Olimpo do cinismo reluz como prêmio aos seus atos e se faz escárnio aos simples mortais. Marco Aurélio Melo que o diga. Não bastou retornar o homem, "sempre afeito às coisas do país", " o neto de Tancredo", de "elogiosa carreira política" ao "seu cargo no senado", como o fez sob loas, malgrado "o clamor popular" a quem o STF jurou, jamais, deixar de escutar. Não temê-lo-emos, para Melo, Aécio está onde nunca deveria ter saído, no lugar onde o "povo" o colocou, "no exercício do seu cargo". PONTO III - As palavras tem faltado para explicar e definir o que é este momento que estamos vivendo. Há uma crise da palavra. Elas não duram e muito menos produzem sentidos que marquem o presente e delineiem os limites do passado e as estradas para o futuro. "Tudo que é sólido desmancha no ar". Como a coluna escrita hoje cedo e reescrita depois para tentar entender o que ninguém compreende, o Brasil hoje. PONTO IV - Se há uma crise da palavra, há também um vazio de liderança. Se as palavras já não dizem mais, os homens que a proferem tem deixado de nos representar. Temerosos  Gilmares Maias são, cada vez mais, representantes de si mesmos e dos interesses do gangsterismo político que assalta o Brasil "deitado em berço esplêndido". PONTO V - Pernambuco é o retrato fiel desta ausência de lideranças. Nossas alternativas políticas expressam esse vazio de representatividade. De um lado um governo tido como o pior da história no estado. Do outro, um representante de si mesmo e das elites a que pertence, votando sempre em desfavor dos trabalhadores e de seus direitos adquiridos. Por hora a escolha dos pernambucanos está entre o vazio e a desesperança. PONTO VI - Vazio maior aponta a disputa para o legislativo. Se para o executivo estamos diante da dolorosa escolha entre o vazio e a desesperança, no legislativo vislumbramos sempre o mesmo e o nada. Enfim, estamos diante de onde sempre estivemos e sem saber para onde vamos, e se vamos para algum lugar além de um Pernambuco para os de sempre. PONTO VII - Diante de todos estes vazios se evanesce o sentido de nação. Começa a faltar liga para o que nos faz brasileiros. Nossa imagem diante do mundo e de nós mesmos nunca foi tão humilhada e achincalhada. Não deixamos só de ser o "país do futuro". Estamos deixando de ter futuro. As utopias, no Brasil, já não existem mais. Quando muito, o que se propõe é um retorno a um passado obscuro entendido como símbolo de ordem e progresso. PONTO VIII - Nossa consciência histórica está fratura. Estamos vivendo em meio a vários tempos, mas sem que saibamos ao certo qual direção seguir. O Brasil está numa encruzilhada dos tempos. Em si isto não é ruim. Já passamos por isso antes. O grave, deste momento, é que nos faltam lideranças, sentido e a desesperança se abatem sobre todos. Até nossas instituições estão em ruínas. É preciso seguir. Ao menos até 2018. Se houver 2018. Wagner Geminiano* Doutorando em História pelo PPGH-UFPE. [...]
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