Coluna Ponto a Ponto (09/07) – As saídas para o país não podem esperar só por 2018.

Coluna Ponto a Ponto (09/07) – As saídas para o país não podem esperar só por 2018.

Coluna Ponto a Ponto - História e Política PONTO I - Mais uma semana que se encerra, mas que, infelizmente, não encerra o nosso calvário como sociedade e nação. O fosso só se aprofunda mais a cada dia. Discute-se de um tudo, até salvar Temer. Ao preço de bilhões em emendas parlamentares. Mas poucos, dos que estão em Brasília hoje, parecem estar interessados em pensar saídas para o Brasil. A avacalhação da política, como bem disse Bob Fernandes esta semana, está nos desfazendo enquanto nação. Saímos de um arremedo de Estado Democrático de Direito e vamos rumando, sem freios, na direção do facciosismo democrático. O Estado e a nação estão fraturados. Quem juntará seus cacos? Há interesse para isso? São perguntas que precisam de respostas urgentes. E não dá para aguardar por 2018. PONTO II - 2018 não resolverá nossos problemas. Assim como não resolverá e muito menos cortará as raízes que nos atam ao atraso e aos vícios de nosso passado. Não é uma simples eleição que porá fim, por exemplo, ao patrimonialismo que toma de assalto e esfarela qualquer possibilidade de um Estado a serviço dos interesses públicos, coletivos. PONTO III - Certamente a construção de saídas deve passar por eleições gerais, o mais rápido possível. Devolver a soberania do voto popular é urgente. No entanto, ele não pode ficar restrito apenas a uma troca de presidente mediante uma luta por Diretas Já. Se não se modificar o Congresso e o Senado que temos, símbolos maiores de nosso facciosismo democrático e do patrimonialismo, continuaremos apenas trocando nomes e mudando para não mudar. PONTO IV - Pernambuco é um exemplo clássico disso. A "terra dos altos coqueiros" desde que foi feudalizada pelo "Imperador Eduardo", que comandava do Palácio do Campo das Princesas os interesses dos príncipes locais, com prebendas e indicações, hoje se vê assaltada pelo patrimonialismo e pelo facciosismo democrático. Os príncipes e suas dinastias locais se rebelam contra o Palácio. O Palácio tenta acenar para além muros, mas falta-lhes Eduardo para segurar a deserção dos Arraes. A perda da mística do nome Arraes é, certamente, a maior derrota política do Palácio, desde a morte de Eduardo. PONTO V - Os príncipes se engalfinham. Sentindo o trono enfraquecido, crescem os olhos para tomarem assento nele. Coelhos, Arraes, Araújos, Gomes, Mendonças, Vasconcelos, Ferreiras, Monteiros...É o facciosismo democrático, e nem um pouco republicano, em estado puro. Sem máscaras. A "nova Roma" mais parece uma capitania hereditária, sendo disputada pelos seus "bravos guerreiros". PONTO VI - Impera na política pernambucana, como em nenhum outro momento de sua história, o familismo, o filhotismo, o facciosismo, o elitismo, o personalismo e o patrimonialismo. Até mesmo quem se apresenta como renovação é produto destas práticas políticas. E ironia das ironias, apresentada pelo Partido dos Trabalhadores, que no estado, mais do que em qualquer outra parte do país, envelheceu, não se renovou e que agora apresenta como solução e mudança um produto daquilo que sempre combateu como sendo o atraso. Tempos difíceis. PONTO VII - O trabalhismo, nos seus embates políticos, em  Pernambuco sempre foi mais arraisista que petista. Parece que hoje estamos observando o casamento, a esquerda, destas duas correntes sob o apadrinhamento do lulismo. É isto mesmo, a esquerda também é personalista. PONTO VIII - A avacalhação da política tem produzido tudo isto. E de forma mais assustadora e aprofundada nos dias que correm. Pois não só tem afastado os eleitores e gerado uma crise de representatividade, mas, também, impedido a renovação dos quadros e a inserção de nomes e rostos novos no mundo da política. Termino recuperando Hannah Arendt: da negação da política e de sua avacalhação nasce o fascimo. É preciso recobrarmos nossa responsabilidade coletiva diante de nosso presente. Para que ainda tenhamos futuro, para além de 2018. PONTO IX - As saídas para o país não podem esperar só para 2018. Precisamos assumir nossa responsabilidade coletiva e começar a construí-las hoje. Sob pena de permanecermos no mesmo lugar amanhã e sempre. Wagner Geminiano - Doutorando em História pelo PPGH-UFPE e Colunista semanal do Blog Ponto de Vista.

Coluna Ponto a Ponto – História e Política

PONTO I – Mais uma semana que se encerra, mas que, infelizmente, não encerra o nosso calvário como sociedade e nação. O fosso só se aprofunda mais a cada dia. Discute-se de um tudo, até salvar Temer. Ao preço de bilhões em emendas parlamentares. Mas poucos, dos que estão em Brasília hoje, parecem estar interessados em pensar saídas para o Brasil. A avacalhação da política, como bem disse Bob Fernandes esta semana, está nos desfazendo enquanto nação. Saímos de um arremedo de Estado Democrático de Direito e vamos rumando, sem freios, na direção do facciosismo democrático. O Estado e a nação estão fraturados. Quem juntará seus cacos? Há interesse para isso? São perguntas que precisam de respostas urgentes. E não dá para aguardar por 2018.

PONTO II – 2018 não resolverá nossos problemas. Assim como não resolverá e muito menos cortará as raízes que nos atam ao atraso e aos vícios de nosso passado. Não é uma simples eleição que porá fim, por exemplo, ao patrimonialismo que toma de assalto e esfarela qualquer possibilidade de um Estado a serviço dos interesses públicos, coletivos.

PONTO III – Certamente a construção de saídas deve passar por eleições gerais, o mais rápido possível. Devolver a soberania do voto popular é urgente. No entanto, ele não pode ficar restrito apenas a uma troca de presidente mediante uma luta por Diretas Já. Se não se modificar o Congresso e o Senado que temos, símbolos maiores de nosso facciosismo democrático e do patrimonialismo, continuaremos apenas trocando nomes e mudando para não mudar.

PONTO IV – Pernambuco é um exemplo clássico disso. A “terra dos altos coqueiros” desde que foi feudalizada pelo “Imperador Eduardo”, que comandava do Palácio do Campo das Princesas os interesses dos príncipes locais, com prebendas e indicações, hoje se vê assaltada pelo patrimonialismo e pelo facciosismo democrático. Os príncipes e suas dinastias locais se rebelam contra o Palácio. O Palácio tenta acenar para além muros, mas falta-lhes Eduardo para segurar a deserção dos Arraes. A perda da mística do nome Arraes é, certamente, a maior derrota política do Palácio, desde a morte de Eduardo.

PONTO V – Os príncipes se engalfinham. Sentindo o trono enfraquecido, crescem os olhos para tomarem assento nele. Coelhos, Arraes, Araújos, Gomes, Mendonças, Vasconcelos, Ferreiras, Monteiros…É o facciosismo democrático, e nem um pouco republicano, em estado puro. Sem máscaras. A “nova Roma” mais parece uma capitania hereditária, sendo disputada pelos seus “bravos guerreiros”.

PONTO VI – Impera na política pernambucana, como em nenhum outro momento de sua história, o familismo, o filhotismo, o facciosismo, o elitismo, o personalismo e o patrimonialismo. Até mesmo quem se apresenta como renovação é produto destas práticas políticas. E ironia das ironias, apresentada pelo Partido dos Trabalhadores, que no estado, mais do que em qualquer outra parte do país, envelheceu, não se renovou e que agora apresenta como solução e mudança um produto daquilo que sempre combateu como sendo o atraso. Tempos difíceis.

PONTO VII – O trabalhismo, nos seus embates políticos, em  Pernambuco sempre foi mais arraisista que petista. Parece que hoje estamos observando o casamento, a esquerda, destas duas correntes sob o apadrinhamento do lulismo. É isto mesmo, a esquerda também é personalista.

PONTO VIII – A avacalhação da política tem produzido tudo isto. E de forma mais assustadora e aprofundada nos dias que correm. Pois não só tem afastado os eleitores e gerado uma crise de representatividade, mas, também, impedido a renovação dos quadros e a inserção de nomes e rostos novos no mundo da política. Termino recuperando Hannah Arendt: da negação da política e de sua avacalhação nasce o fascimo. É preciso recobrarmos nossa responsabilidade coletiva diante de nosso presente. Para que ainda tenhamos futuro, para além de 2018.

PONTO IX – As saídas para o país não podem esperar só para 2018. Precisamos assumir nossa responsabilidade coletiva e começar a construí-las hoje. Sob pena de permanecermos no mesmo lugar amanhã e sempre.

Wagner Geminiano – Doutorando em História pelo PPGH-UFPE e Colunista semanal do Blog Ponto de Vista.

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