Ponto de vista de Brasília – Marina Silva em rota de colisão

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Ministra Marina Silva Ministério do Meio Ambiente e Sustentabilidade

Imagem/ EBC

Por Dennys Sousa, Cientista Político

Essa semana foi mais uma daquelas bem movimentadas em Brasília. Dessa vez, o assunto que ganhou os holofotes foi o embate da ministra do meio ambiente, Marina Silva, que viu seu Ministério desidratar. O congresso votou na quarta-feira (24/05) a MP (Medida Provisória) da Esplanada. O relatório da MP reorganiza a estrutura do governo e retira poderes do Ministério do Meio Ambiente. Se o parecer do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) prevalecer no Senado, a pasta perderá áreas estratégicas dentro do governo, o texto retira do Meio Ambiente a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), que passa para o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, comandado por Waldez Góes. O ministro é filiado ao PDT, mas foi indicado ao cargo por influência do União Brasil.

Outro assunto bastante criticado por Marina Silva, foi a exploração por parte da Petrobrás à Margem Equatorial. Localizada a 179 km de distância da costa do Amapá e a 500 km da foz do rio Amazonas, a região é um dos principais focos de campanha exploratória no Plano Estratégico 2023-2027 da empresa.  Ela não poupou críticas aos dois ataques sofridos pela sua pasta, o seu tom foi de descontentamento e críticas aos parlamentares a quem disse que: “Parece que querem reeditar o governo Bolsonaro”. O Ministério do Meio Ambiente, mesmo tendo uma representante da ala política, é uma pasta que tem pautas bastante conflitantes com outros setores, como o agronegócio. A ministra que volta ao governo depois de 15 anos, encontra um Congresso ainda mais dominado pelos ruralistas. E ainda sofre por não ter uma tropa para defendê-la na Câmara e no Senado.

O presidente Lula (PT) não gostou do tom usado por Marina, na quarta-feira, quando ela disse, em audiência na Câmara, que o desmonte de seu ministério poderia até mesmo inviabilizar o acordo União Europeia-Mercosul. Na sexta-feira (26/05), com o objetivo de amenizar o mal está causado essa semana, ele se reuniu com Marina Silva, e Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas que também teve seu ministério reduzido pela MP da Esplanada. Sônia também não poupou críticas, ela declarou nesta quarta-feira, que há uma certa frustração de sua parte com relação ao presidente Lula devido ao esvaziamento do ministério comandado por ela. No encontro o presidente prometeu trabalhar para reverter as mudanças feitas pela MP. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o governo trabalhará para reverter as mudanças feitas na medida provisória de reestruturação da Esplanada dos Ministérios.

Outro que entrou para amenizar a situação e evitar um desgaste do presidente com as ministras foi o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), reforçando nesta sexta-feira, 26, que a ministra Marina Silva (Rede-AP) tem o importante papel de sustentar a agenda de sustentabilidade do Brasil, que está no “coração” do governo Lula. Em meio ao desmonte do Ministério do Meio Ambiente e às pressões para saída da ambientalista, Padilha afirmou que o governo tem instrumentos para garantir os compromissos ambientais. “O governo tem instrumentos institucionais para a segurança da agenda de sustentabilidade. Essa agenda está no coração do governo Lula e é liderado pela ministra Marina Silva, que tem papel importante em sustentá-la”. A fala de Alexandre Padilha nas redes sociais ocorreu logo  após a reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Originários, Sônia Guajajara. O objetivo do encontro foi reduzir as insatisfações causadas pela derrota do governo na análise da MP dos Ministérios.

Na placa do confronto temos um empate (1 x 1), onde a ministra Marina Silva conseguiu vencer o primeiro round com a Petrobras, mas perdeu no congresso quando viu a MP, reduzir seu ministério. Resta saber se a política e o meio ambiente andam de mãos dadas, ou estão em campos opostos. Caberá ao presidente, conseguir agradar a gregos e troianos, já que existem interesses conflitantes nesse imbróglio.

E agora? – A ministra do meio ambiente, Marina Silva, conseguirá resistir até o final do governo Lula?

Por Dennys Sousa, Cientista Político

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