Eles não são santos, são ardilosos – Parte II

Eles não são santos, são ardilosos – Parte II

ELES NÃO SÃO SANTOS, SÃO ARDILOSOS. No texto anterior, iniciei ressaltando o poder da oratória que tem os pastores-políticos, de fato, são gênios na arte de falar, suas pregações são sedutoras, atrativas, porém cheia de engodos. Tomem cuidado ao ouvi-los com certa frequência. O exercício da difusão discursiva, carrega consigo um desejo de verdade, de construção da verdade; os pastores-políticos, essas figuras ardilosas, utilizam de seu dom da fala para construir realidade para seu público, que geralmente é formado por uma massa inerte e emudecida. Seu comportamento sagaz, suas falas astuciosas têm por objetivo direto trazer das mentes silenciosas dos fieis um imaginário medieval e apocalíptico. Sim, em pleno século XXI, as manhãs dos sábados, alguns canais de TV’s são tomadas por pregadores medievais transvestidos de contemporâneos, como representa bem Aby Warburg em sua teoria do renascimento fantasmagórico; o imaginário medieval ressurge nas pregações metamorfoseado, vestido com outros trapos, com outros rostos e em corpos e templos diferentes. O porvir dantesco é anunciado nas entrelinhas das pregações; satanás é mais falado que o próprio Deus, o medo e pavor é pregado constantemente em algumas igrejas pentecostais e neopentecostais, se trata de tentativas de materialização do discurso e associação com a realidade social em que vivemos, quando associadas a pregação do medo e o pavor social em que vivemos, a formula está pronta, os fiéis estão sob o domínio dos “Santos”. O Deus do velho testamento é pregado com frequência, com imposições extra-humanas, baseadas em alucinações ou simples invenções dos “santos”. Impõe e pregam o Deus de Abraão narrado por Kierkegaard, utilizam a fé e sua pseudo proximidade com o Eterno para se colocar em estancias superiores e dominar as massas, suas falas expelem venenos em pequenas doses, eles não querem matar as massas de fieis, apenas desejam dominá-las. Mas dominar para quê? O exercício do poder é algo desejado por vários níveis da sociedade, e os pastores-políticos também querem. Eles têm a arma da oratória, sabem utilizá-las com destreza, tem público cativo e obediente (ovelhas dóceis), os púlpitos são palanques cativos, tem um caixa permanente de campanha não declarado e isento de impostos. Quem pode competir com eles? Em épocas de proibição de doação empresarial de campanha, os pastores políticos sairão na frente, o caixa da fé pode e por certo manterá a campanha, alugarão CPF’s, o dinheiro físico eles têm. Por meio da pregação do terror, impondo o medo, apontando o pecado alheio, nominando os condenados, construindo um novo index eles constroem sua prática discursiva e controlam as massas vulneráveis e dóceis. Mas no meio destas ovelhas há bodes não adestrados, que não aceitam as ordens nem obedecem ao fustigar das varas, eles são os rebeldes. Os rebeldes são aqueles que não se deixam seduzir pelos ardis dos pastores-políticos, que rompem com o discurso de obediência, que acreditam numa prática de fé independente dos templos e dos domínios políticos das igrejas. Vejam só o perigo que os pastores-políticos impõem a nação laica brasileira. Suas práticas legislativas ameaçam o conceito de igualdade e laicidade pregada na constituição. Pertencentes a casta dos pastores presidentes ou donos de igrejas, os pastores políticos respondem apenas a eles, obedecem às suas demandas, orientações e maquinações. Cuidado, eles não santos, são ardilosos! Por Bruno Oliveira - Mestre em História pela UFPE Confira o primeiro texto da série clicando no link abaixo: https://old.blogpontodevista.com/bancada-evangelica-quem-disse-que-eles-sao-santos-parte-1/

ELES NÃO SÃO SANTOS, SÃO ARDILOSOS.

No texto anterior, iniciei ressaltando o poder da oratória que tem os pastores-políticos, de fato, são gênios na arte de falar, suas pregações são sedutoras, atrativas, porém cheia de engodos. Tomem cuidado ao ouvi-los com certa frequência. O exercício da difusão discursiva, carrega consigo um desejo de verdade, de construção da verdade; os pastores-políticos, essas figuras ardilosas, utilizam de seu dom da fala para construir realidade para seu público, que geralmente é formado por uma massa inerte e emudecida.

Seu comportamento sagaz, suas falas astuciosas têm por objetivo direto trazer das mentes silenciosas dos fieis um imaginário medieval e apocalíptico. Sim, em pleno século XXI, as manhãs dos sábados, alguns canais de TV’s são tomadas por pregadores medievais transvestidos de contemporâneos, como representa bem Aby Warburg em sua teoria do renascimento fantasmagórico; o imaginário medieval ressurge nas pregações metamorfoseado, vestido com outros trapos, com outros rostos e em corpos e templos diferentes.

O porvir dantesco é anunciado nas entrelinhas das pregações; satanás é mais falado que o próprio Deus, o medo e pavor é pregado constantemente em algumas igrejas pentecostais e neopentecostais, se trata de tentativas de materialização do discurso e associação com a realidade social em que vivemos, quando associadas a pregação do medo e o pavor social em que vivemos, a formula está pronta, os fiéis estão sob o domínio dos “Santos”.

O Deus do velho testamento é pregado com frequência, com imposições extra-humanas, baseadas em alucinações ou simples invenções dos “santos”. Impõe e pregam o Deus de Abraão narrado por Kierkegaard, utilizam a fé e sua pseudo proximidade com o Eterno para se colocar em estancias superiores e dominar as massas, suas falas expelem venenos em pequenas doses, eles não querem matar as massas de fieis, apenas desejam dominá-las.

Mas dominar para quê? O exercício do poder é algo desejado por vários níveis da sociedade, e os pastores-políticos também querem. Eles têm a arma da oratória, sabem utilizá-las com destreza, tem público cativo e obediente (ovelhas dóceis), os púlpitos são palanques cativos, tem um caixa permanente de campanha não declarado e isento de impostos. Quem pode competir com eles?

Em épocas de proibição de doação empresarial de campanha, os pastores políticos sairão na frente, o caixa da fé pode e por certo manterá a campanha, alugarão CPF’s, o dinheiro físico eles têm. Por meio da pregação do terror, impondo o medo, apontando o pecado alheio, nominando os condenados, construindo um novo index eles constroem sua prática discursiva e controlam as massas vulneráveis e dóceis. Mas no meio destas ovelhas há bodes não adestrados, que não aceitam as ordens nem obedecem ao fustigar das varas, eles são os rebeldes. Os rebeldes são aqueles que não se deixam seduzir pelos ardis dos pastores-políticos, que rompem com o discurso de obediência, que acreditam numa prática de fé independente dos templos e dos domínios políticos das igrejas.

Vejam só o perigo que os pastores-políticos impõem a nação laica brasileira. Suas práticas legislativas ameaçam o conceito de igualdade e laicidade pregada na constituição. Pertencentes a casta dos pastores presidentes ou donos de igrejas, os pastores políticos respondem apenas a eles, obedecem às suas demandas, orientações e maquinações.

Cuidado, eles não santos, são ardilosos!

Por Bruno Oliveira – Mestre em História pela UFPE

Confira o primeiro texto da série clicando no link abaixo:

Bancada evangélica: Quem disse que eles são santos? – Parte 1

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