A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) sediará, no dia 30 de abril, às 10h, a audiência pública “Assédio e Adoecimento dos(as) Bancários(as) em Pernambuco”. O debate é uma iniciativa da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular, em parceria com o Sindicato dos Bancários de Pernambuco e o deputado estadual Doriel Barros (PT), com o objetivo de discutir o crescente adoecimento mental dos trabalhadores do setor bancário, associado a práticas abusivas no ambiente de trabalho.
Durante a audiência, será lançado oficialmente o dossiê homônimo, elaborado pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho, Políticas Públicas e Desenvolvimento (LABOR), da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em colaboração com o Sindicato. O documento apresenta dados e depoimentos que revelam um cenário alarmante de sofrimento físico e psicológico entre os bancários, consequência de métodos de gestão considerados abusivos, como a imposição de metas inalcançáveis, cobranças constantes, ameaças e estímulo à competitividade extrema.
O estudo aponta para um aumento significativo de doenças psíquicas e psicossomáticas entre os profissionais da área, incluindo ansiedade generalizada, burnout, síndrome do pânico, estresse crônico, depressão, transtornos de adaptação e até doenças autoimunes. Relatos colhidos durante a pesquisa evidenciam como a pressão no ambiente de trabalho tem comprometido gravemente a saúde mental dos(as) bancários(as).
A audiência também marca o início de uma nova fase da campanha de combate ao assédio moral nos bancos, que busca fortalecer a denúncia, promover conscientização e pressionar instituições financeiras por mudanças estruturais nas condições de trabalho.
Com coordenação do professor Maurício Sardá e do cientista político Marco Levay, o estudo foi desenvolvido pelas pesquisadoras Ingrid Barbosa (PPGS/UFPE) e Mylena Galdino (PPGCS/UFRPE). Além da equipe acadêmica, a pesquisa contou com a contribuição ativa do Grupo de Trabalho do Sindicato de Combate ao Assédio Moral nos Bancos.
A audiência pública buscará dar visibilidade à realidade vivida por milhares de bancários(as), muitas vezes silenciada pelo medo de retaliações, e apontar os efeitos desse modelo de gestão não apenas sobre os(as) trabalhadores(as), mas também sobre o atendimento à população e o sistema de saúde e previdência social.
“Os bancos, enquanto acumulam lucros bilionários, têm promovido um modelo de gestão que adoece e descarta. Precisamos discutir com profundidade os impactos disso para toda a sociedade”, destaca o presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Fabiano Moura.
A audiência é aberta ao público e contará com a presença de bancários(as), pesquisadores(as), autoridades públicas, representantes sindicais e da sociedade civil.
