Bancada evangélica: Quem disse que eles são santos? – Parte 1

Bancada evangélica: Quem disse que eles são santos? – Parte 1

Quem disse que eles são santos? - Parte 1 Na atual composição do Congresso Federal há uma bancada que se caracteriza por um tom ímpar de oralidade, seu conservadorismo ou fundamentalismo é justificado sempre com boas arguições; ao meu ver, são os melhores oradores que o congresso tem. Podem contar com ele todos os dias das semanas para reuniões e votações, menos o domingo, porque tem culto. Esta bancada legisla com a Bíblia em baixo dos braços, sua fé ao legislar põe o estado laico a beira da falésia, querem por meio da legislação impor a sua fé e princípio, por mais que não pareça, mas eles são um risco ao estado de laico. Mas saibam, eles não são santos! A bancada evangélica surgiu como organismo funcional em Brasília na legislatura de 1986-1990, eles, naqueles anos, conseguiram emplacar 36 congressistas sendo a maioria de vertente pentecostal e neopentecostal, estiveram fortemente presente na constituinte e souberam barganhar neste momento. Logo no princípio de sua atuação, ficaram conhecidos por seu comportamento fisiológico, nada votavam de graça, todos os votos tinham um preço, na igreja eram pastores com discursos inflamados de fé e moral, em Brasília eram comerciantes. A ascensão deste grupo, possivelmente, se deu pelo crescimento exponencial do número de evangélicos na década de 80, o que antes era um agrupamento tímido e marginal referentes as temáticas políticas, agora se tornaram peças chaves nos fechamentos de acordos políticos, suas principais solicitações ou barganhas eram concessões de rádio e TV. Por uma rádio eles faziam tudo! “Evangélicos trocam votos por vantagem”, assim estava estampado no Jornal do Brasil em 07 de agosto de 1988, foi desta forma que ficou conhecido a primeira bancada evangélica. Como se não bastasse ser rotulados de barganhadores, o mesmo Jornal trazia naquele domingo, como reportagem especial, a denúncia de corrupção passiva e ativa por membros da Confederação Evangélica do Brasil (CEB). A material especial do dia 7 de agosto de 1988 intitulada “A constituição segundo os evangélicos” acusava a bancada evangélica de práticas de corrupção, lavagem de dinheiro e troca de votos na constituinte por concessões de rádios. A matéria especial daquele domingo, fazia duras críticas aos santos - que não são, apontava diretamente nos rostos dos pastores que vestidos de paletó e gravata, tentavam não transparecer a hipocrisia em suas pregações. Um fato marcante apresentado foi a aceitação da indicação do Deputado Milton Barbosa para a superintendência da Fundação Educar (antigo mobral) em troca de apoio na constituinte, até este ponto nada há de anormal nas relações políticas, o problema começou no momento que o Dep. Milton Barbosa começou a usar a Fundação Educar para repassar Cr$ 100.000.000,00 para a igreja que pertencia em Salvador (Igreja Evangélica Assembleia de Deus). Outro ponto que descortina a santidade da bancada evangélica foi o uso da Confederação Evangélica do Brasil como lavanderia para o dinheiro que saia dos cofres público, estimasse que entre 1986-1990 a CEB foi responsável por lavar mais de Cr$ 500.000.000,00. Entendem agora por que eles não são santos? A hipocrisia dominava suas falas inflamadas, os pregadores de salvação deixaram os cofres públicos à mingua em tempo de forte crise, com o objetivo de favorecimentos de suas igrejas. Por suas atuações fisiológicas em um passado recente, os pastores-políticos são geralmente vistos com um tom de desconfiança, sua moralidade parece ficar dentro dos templos. Assim deixamos uma questão para refletirmos e tentarmos responder em textos próximos: “Será que a bancada evangélica ainda persiste na mesma prática? São eles arautos de Deus na política ou lobos vestidos de pele de ovelha em Brasília?” Por Bruno de Oliveira - Mestre em História pela UFPE *Este é o primeiro texto de uma série de quatro

Bancada evangélica

Quem disse que eles são santos? – Parte 1

Na atual composição do Congresso Federal há uma bancada que se caracteriza por um tom ímpar de oralidade, seu conservadorismo ou fundamentalismo é justificado sempre com boas arguições; ao meu ver, são os melhores oradores que o congresso tem. Podem contar com ele todos os dias das semanas para reuniões e votações, menos o domingo, porque tem culto.

Esta bancada legisla com a Bíblia em baixo dos braços, sua fé ao legislar põe o estado laico a beira da falésia, querem por meio da legislação impor a sua fé e princípio, por mais que não pareça, mas eles são um risco ao estado de laico.

Mas saibam, eles não são santos! A bancada evangélica surgiu como organismo funcional em Brasília na legislatura de 1986-1990, eles, naqueles anos, conseguiram emplacar 36 congressistas sendo a maioria de vertente pentecostal e neopentecostal, estiveram fortemente presente na constituinte e souberam barganhar neste momento.

Logo no princípio de sua atuação, ficaram conhecidos por seu comportamento fisiológico, nada votavam de graça, todos os votos tinham um preço, na igreja eram pastores com discursos inflamados de fé e moral, em Brasília eram comerciantes.

A ascensão deste grupo, possivelmente, se deu pelo crescimento exponencial do número de evangélicos na década de 80, o que antes era um agrupamento tímido e marginal referentes as temáticas políticas, agora se tornaram peças chaves nos fechamentos de acordos políticos, suas principais solicitações ou barganhas eram concessões de rádio e TV. Por uma rádio eles faziam tudo!

“Evangélicos trocam votos por vantagem”, assim estava estampado no Jornal do Brasil em 07 de agosto de 1988, foi desta forma que ficou conhecido a primeira bancada evangélica. Como se não bastasse ser rotulados de barganhadores, o mesmo Jornal trazia naquele domingo, como reportagem especial, a denúncia de corrupção passiva e ativa por membros da Confederação Evangélica do Brasil (CEB). A material especial do dia 7 de agosto de 1988 intitulada “A constituição segundo os evangélicos” acusava a bancada evangélica de práticas de corrupção, lavagem de dinheiro e troca de votos na constituinte por concessões de rádios.

A matéria especial daquele domingo, fazia duras críticas aos santos – que não são, apontava diretamente nos rostos dos pastores que vestidos de paletó e gravata, tentavam não transparecer a hipocrisia em suas pregações. Um fato marcante apresentado foi a aceitação da indicação do Deputado Milton Barbosa para a superintendência da Fundação Educar (antigo mobral) em troca de apoio na constituinte, até este ponto nada há de anormal nas relações políticas, o problema começou no momento que o Dep. Milton Barbosa começou a usar a Fundação Educar para repassar Cr$ 100.000.000,00 para a igreja que pertencia em Salvador (Igreja Evangélica Assembleia de Deus). Outro ponto que descortina a santidade da bancada evangélica foi o uso da Confederação Evangélica do Brasil como lavanderia para o dinheiro que saia dos cofres público, estimasse que entre 1986-1990 a CEB foi responsável por lavar mais de Cr$ 500.000.000,00.

Entendem agora por que eles não são santos? A hipocrisia dominava suas falas inflamadas, os pregadores de salvação deixaram os cofres públicos à mingua em tempo de forte crise, com o objetivo de favorecimentos de suas igrejas. Por suas atuações fisiológicas em um passado recente, os pastores-políticos são geralmente vistos com um tom de desconfiança, sua moralidade parece ficar dentro dos templos. Assim deixamos uma questão para refletirmos e tentarmos responder em textos próximos: “Será que a bancada evangélica ainda persiste na mesma prática? São eles arautos de Deus na política ou lobos vestidos de pele de ovelha em Brasília?”

Por Bruno de Oliveira – Mestre em História pela UFPE

*Este é o primeiro texto de uma série de quatro

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