Memória Política – José Múcio Monteiro, um industrial à frente do seu tempo

Memória Política – José Múcio Monteiro, um industrial à frente do seu tempo

Um industrial à frente de seu tempo José Múcio Monteiro nasceu no dia 9 de setembro de 1931 no município de Sirinhaém. Aos 12 anos de idade iniciou suas experiências empresariais. Criou uma fábrica de cera para encerar pisos, e posteriormente uma de brinquedos, instaladas na garagem da antiga casa em que morava. Aos 14 anos apaixonou-se por Maria Chistina Azevedo de Queiroz, e ambos, aos 16 anos, se casaram. Foi pai aos 18 anos de idade. Seus filhos foram José Múcio Monteiro Filho (atual Ministro do Tribunal de Contas da União), Maria José, Domingos, Antônio José, Anamélia e Maria Consuêlo. Depois de curso intensivo nos Estados Unidos e ingresso na administração municipal de Cucaú, logo foi promovido a gerente da Usina Cucaú, pois possuía incomum capacidade de liderança e comando. Embora formado em Direito, manifestou especial vocação pela mecânica e, com extraordinário pendor inventivo, idealizou vários equipamentos para potencializar a produção industrial. Nas oficinas de Cucaú, construiu sofisticadas carroças e até uma locomotiva. Além de sua brilhante e decisiva atuação na direção da grande e importante fábrica de açúcar, desde os 18 anos, o homenageado era sensível ao sofrimento alheio. Atencioso, solícito e, sobretudo, humano, apoiava tudo o que visasse ao progresso e ao bem-estar da comunidade, notadamente, colaborando com as festas cívicas, sociais, políticas e religiosas. Na cheia que atingiu o município de Gameleira no ano de 1970, Múcio contribuiu ativamente na assistência a todos os que foram atingidos pela catástrofe que destruiu casas, pontes e estradas do município. No entanto, sua agitada e produtiva jornada foi, também, breve. No dia 23 de março de 1972 o industrial José Múcio Monteiro pereceu, tragicamente, no interior do avião que ele próprio pilotava. Na época de sua morte os governos dos municípios de Rio Formoso, Sirinhaém, Gameleira e Ribeirão decretaram luto oficial. Antes de morrer Múcio festejara há poucas horas na Praia de Tamandaré, em sua casa de veraneio, as bodas de prata de casamento, com sua esposa, D. Maria Christina. Lá estavam seus filhos e mais Humberto Mamede de Pontes e Rômulo de Queiros Monteiro, além de outros parentes. Terminada a festa, pouco depois das 16 horas, Múcio despediu-se e tomou o avião com destino a Cucaú, juntamente com Dasdores, governanta e grande amiga da família. A esposa e filhos seguiram para Recife. Deu-se o inevitável: o avião, ao atingir Saltinho, em Rio Formoso, bateu em fios elétricos da “Paulo Afonso” e, desgovernado, caiu atrás de uma casa desabitada, à beira da estrada, dentro de uma mata de azeitona, deixando um quadro horrendo e triste no local do desastre. Por mera coincidência, o prefeito José Lourenço, do Rio Formoso, um dos bons amigos de Múcio, e que se destinava à praia, com a esposa, passa no lugar do acontecimento e avisa à polícia e ao povo e volta para o local a fim de procederem à retirada dos dois corpos, de sob os destroços do avião. Confira na íntegra uma nota feita pelo seu irmão Armando Monteiro Filho na época. O Velho Múcio - Por Armando Monteiro Filho Vida realmente linda foi a sua, agitada, produtiva e breve. Parece haver pressentido que a morte muito cedo lhe alcançaria. Esta talvez a principal razão de sua pressa. Fez tudo antes de todos, viveu intensa e apaixonadamente. Nasceu amadurecido e, aos 12 a 13 anos de idade, fez duas interessantes e pitorescas experiências empresariais. Uma fábrica de cera para encerrar piso e outra de brinquedos, ambas instaladas na velha garagem da casa do Benfica. Tal foi a confusão dos colaboradores e a afluência de clientes e fornecedores que, um belo dia, minha mãe resolveu acabar com o empreendimento sob pena de ver comprometida a tranquilidade da casa onde morávamos. Aos 14 anos apaixonou-se pela admirável Maria Chistina e ambos aos 16 anos se casaram. Daí em diante redobrou ele a sua responsabilidade e aumentou a sua sisudez. Curso intensivo de 12 meses nos Estados Unidos e ingresso na administração de Cucaú. Logo promovido a Gerente da Usina, lá constituiu a sua família e construiu o seu mundo. Tinha desde muito moço invulgar capacidade de liderança e comando. Embora formado em Direito manifestou especial vocação pela mecânica e neste campo possuía extraordinário pendor inventivo. Criou vários equipamentos novos para minimizar os custos e se ufanava de haver construído nas oficinas de Cucaú sofisticadas carroças e até uma locomotiva. É difícil para mim falar sobre todas as suas grandes qualidades: Inteligência – Determinação – Capacidade de Servir – Solidariedade Humana – Responsabilidade. Entre estas e outras muitas, elegeria a Responsabilidade como traço mais marcante de sua personalidade. Em nenhum momento, nem nas raríssimas horas de lazer, se descontraía inteiramente. O seu comportamento diante do trabalho e da própria vida era sempre o de um comandante no momento da batalha. Apesar do seu temperamento forte e afirmativo, geralmente arredio, não ficava impassível diante do sofrimento alheio e era sempre o primeiro a chegar, nas horas de dificuldade dos outros. Era apaixonado por tudo que lhe era confiado, pela Empresa que dirigia, pela política, sobretudo, a municipal. Tudo isto era para ele o cumprimento de um dever. Era solidário com todos que viviam em seu redor, mas exigia deste, intransigentemente, a solidariedade nas horas decisivas. A sua postura física, o seu ar de confiança e ansiedade eram os mesmo, na botada da Usina, no término da safra e no dia da eleição. A sua participação na política, abraçando as causas que lhe pareciam as melhores, tinha também o objetivo de demonstrar o ambiente de harmonia em que viviam, empregados e empregadores. Era fiel, dedicado e carinhoso amigo dos seus colaboradores e tinha nesses incondicionais seguidores. Pai aos 18 anos, avô aos 41, deixa uma marca indelével de sua presença. Foi útil a sua família, magnífico exemplo de união e amor, útil às suas empresas, útil ao seu Estado e ao seu País. Morrendo com apenas 41 anos deixa um acervo de realizações que o credenciarão sempre na memória dos seus contemporâneos. Ele, com sua profunda fé religiosa, entenderia mais sua morte do que os outros. Nós achamos que ela só o atingiu por o alcançar traiçoeiramente. Como o fez naquela tarde fria e triste de 23 de março último. Doi-nos a imensa saudade. Doi-nos a felicidade interrompida do exemplar chefe de família. Doi-nos não haver ele contemplado tudo que construiu. Doi-nos não ter ele colhido todos os frutos que plantou. Doi-nos, enfim, o imenso caminho que ficou por percorrer. Conforta-nos a bem constituída família que deixou e anima-nos o exemplo de dignidade, correção, bondade e fortaleza que ficou para todos nós. Fonte: Jornal A VOZ DA GAMELEIRA - Ano XXV, número 2 - 31 de maio de 1972 *Colabore com o Quadro Memória Política nos enviando fotos antigas retratem momentos políticos dos municípios da nossa região ou do Estado. Podem ser fotos de comícios, reuniões e eventos. Faremos questão de registrar a sua colaboração ao final do texto.  Nosso contato de whatshapp: (81) 99521-6544 (TIM)/(81) 97310-1317, ou ligue para 98544-4677 (OI). Se preferir, envie para o E-mail: [email protected]  

José Múcio Monteiro

José Múcio Monteiro

Um industrial à frente de seu tempo

José Múcio Monteiro nasceu no dia 9 de setembro de 1931 no município de Sirinhaém.

Aos 12 anos de idade iniciou suas experiências empresariais. Criou uma fábrica de cera para encerar pisos, e posteriormente uma de brinquedos, instaladas na garagem da antiga casa em que morava.

Aos 14 anos apaixonou-se por Maria Chistina Azevedo de Queiroz, e ambos, aos 16 anos, se casaram. Foi pai aos 18 anos de idade. Seus filhos foram José Múcio Monteiro Filho (atual Ministro do Tribunal de Contas da União), Maria José, Domingos, Antônio José, Anamélia e Maria Consuêlo.

Depois de curso intensivo nos Estados Unidos e ingresso na administração municipal de Cucaú, logo foi promovido a gerente da Usina Cucaú, pois possuía incomum capacidade de liderança e comando.

Embora formado em Direito, manifestou especial vocação pela mecânica e, com extraordinário pendor inventivo, idealizou vários equipamentos para potencializar a produção industrial. Nas oficinas de Cucaú, construiu sofisticadas carroças e até uma locomotiva.

Além de sua brilhante e decisiva atuação na direção da grande e importante fábrica de açúcar, desde os 18 anos, o homenageado era sensível ao sofrimento alheio. Atencioso, solícito e, sobretudo, humano, apoiava tudo o que visasse ao progresso e ao bem-estar da comunidade, notadamente, colaborando com as festas cívicas, sociais, políticas e religiosas. Na cheia que atingiu o município de Gameleira no ano de 1970, Múcio contribuiu ativamente na assistência a todos os que foram atingidos pela catástrofe que destruiu casas, pontes e estradas do município.

No entanto, sua agitada e produtiva jornada foi, também, breve. No dia 23 de março de 1972 o industrial José Múcio Monteiro pereceu, tragicamente, no interior do avião que ele próprio pilotava. Na época de sua morte os governos dos municípios de Rio Formoso, Sirinhaém, Gameleira e Ribeirão decretaram luto oficial.

Antes de morrer Múcio festejara há poucas horas na Praia de Tamandaré, em sua casa de veraneio, as bodas de prata de casamento, com sua esposa, D. Maria Christina. Lá estavam seus filhos e mais Humberto Mamede de Pontes e Rômulo de Queiros Monteiro, além de outros parentes.

Terminada a festa, pouco depois das 16 horas, Múcio despediu-se e tomou o avião com destino a Cucaú, juntamente com Dasdores, governanta e grande amiga da família. A esposa e filhos seguiram para Recife. Deu-se o inevitável: o avião, ao atingir Saltinho, em Rio Formoso, bateu em fios elétricos da “Paulo Afonso” e, desgovernado, caiu atrás de uma casa desabitada, à beira da estrada, dentro de uma mata de azeitona, deixando um quadro horrendo e triste no local do desastre.

Por mera coincidência, o prefeito José Lourenço, do Rio Formoso, um dos bons amigos de Múcio, e que se destinava à praia, com a esposa, passa no lugar do acontecimento e avisa à polícia e ao povo e volta para o local a fim de procederem à retirada dos dois corpos, de sob os destroços do avião.

Confira na íntegra uma nota feita pelo seu irmão Armando Monteiro Filho na época.


O Velho Múcio – Por Armando Monteiro Filho

Vida realmente linda foi a sua, agitada, produtiva e breve. Parece haver pressentido que a morte muito cedo lhe alcançaria. Esta talvez a principal razão de sua pressa.

Fez tudo antes de todos, viveu intensa e apaixonadamente.

Nasceu amadurecido e, aos 12 a 13 anos de idade, fez duas interessantes e pitorescas experiências empresariais. Uma fábrica de cera para encerrar piso e outra de brinquedos, ambas instaladas na velha garagem da casa do Benfica. Tal foi a confusão dos colaboradores e a afluência de clientes e fornecedores que, um belo dia, minha mãe resolveu acabar com o empreendimento sob pena de ver comprometida a tranquilidade da casa onde morávamos.

Aos 14 anos apaixonou-se pela admirável Maria Chistina e ambos aos 16 anos se casaram.

Daí em diante redobrou ele a sua responsabilidade e aumentou a sua sisudez. Curso intensivo de 12 meses nos Estados Unidos e ingresso na administração de Cucaú. Logo promovido a Gerente da Usina, lá constituiu a sua família e construiu o seu mundo. Tinha desde muito moço invulgar capacidade de liderança e comando. Embora formado em Direito manifestou especial vocação pela mecânica e neste campo possuía extraordinário pendor inventivo.

Criou vários equipamentos novos para minimizar os custos e se ufanava de haver construído nas oficinas de Cucaú sofisticadas carroças e até uma locomotiva.

É difícil para mim falar sobre todas as suas grandes qualidades: Inteligência – Determinação – Capacidade de Servir – Solidariedade Humana – Responsabilidade. Entre estas e outras muitas, elegeria a Responsabilidade como traço mais marcante de sua personalidade. Em nenhum momento, nem nas raríssimas horas de lazer, se descontraía inteiramente. O seu comportamento diante do trabalho e da própria vida era sempre o de um comandante no momento da batalha.

Apesar do seu temperamento forte e afirmativo, geralmente arredio, não ficava impassível diante do sofrimento alheio e era sempre o primeiro a chegar, nas horas de dificuldade dos outros.

Era apaixonado por tudo que lhe era confiado, pela Empresa que dirigia, pela política, sobretudo, a municipal. Tudo isto era para ele o cumprimento de um dever. Era solidário com todos que viviam em seu redor, mas exigia deste, intransigentemente, a solidariedade nas horas decisivas.

A sua postura física, o seu ar de confiança e ansiedade eram os mesmo, na botada da Usina, no término da safra e no dia da eleição.

A sua participação na política, abraçando as causas que lhe pareciam as melhores, tinha também o objetivo de demonstrar o ambiente de harmonia em que viviam, empregados e empregadores. Era fiel, dedicado e carinhoso amigo dos seus colaboradores e tinha nesses incondicionais seguidores.

Pai aos 18 anos, avô aos 41, deixa uma marca indelével de sua presença. Foi útil a sua família, magnífico exemplo de união e amor, útil às suas empresas, útil ao seu Estado e ao seu País.

Morrendo com apenas 41 anos deixa um acervo de realizações que o credenciarão sempre na memória dos seus contemporâneos.

Ele, com sua profunda fé religiosa, entenderia mais sua morte do que os outros. Nós achamos que ela só o atingiu por o alcançar traiçoeiramente. Como o fez naquela tarde fria e triste de 23 de março último.

Doi-nos a imensa saudade. Doi-nos a felicidade interrompida do exemplar chefe de família. Doi-nos não haver ele contemplado tudo que construiu. Doi-nos não ter ele colhido todos os frutos que plantou. Doi-nos, enfim, o imenso caminho que ficou por percorrer.

Conforta-nos a bem constituída família que deixou e anima-nos o exemplo de dignidade, correção, bondade e fortaleza que ficou para todos nós.

Fonte: Jornal A VOZ DA GAMELEIRA – Ano XXV, número 2 – 31 de maio de 1972

*Colabore com o Quadro Memória Política nos enviando fotos antigas retratem momentos políticos dos municípios da nossa região ou do Estado. Podem ser fotos de comícios, reuniões e eventos. Faremos questão de registrar a sua colaboração ao final do texto.  Nosso contato de whatshapp: (81) 99521-6544 (TIM)/(81) 97310-1317, ou ligue para 98544-4677 (OI). Se preferir, envie para o E-mail: [email protected]

 

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