O erotismo em torno do “BOLSOMITO” – Por Wagner Geminiano

O erotismo em torno do “BOLSOMITO” – Por Wagner Geminiano

A maioria homens brancos, jovens, aos gritos, berros, se acotovelando, se empurrando. Muitos deles sem camisa. Outros cabeças raspadas, alguns musculosos tipo "bombados de academia". Todos "cidadãos de bem", zelosos da "moral e dos bons costumes", defensores da "família" e dos "valores cristãos", em especial o que diz "bandido bom é bandido morto" - da família dos outros, claro. Todos irmanados num único grito de guerra e de uma hastag, quase uma palavra de ordem: "bolsomito", "#bolsonaro2018". Esta parece ser a cena mais comum em torno das aparições públicas, nas suas peregrinações já em campanha, do deputado Jair Bolsonaro, país a fora. Não há como não ver nessas cenas um certo teor erótico. Uma imensa maioria de homens, ditos heteros, em busca de uma referência de masculinidade, de um macho, puro sangue, que os represente. A busca desesperada de um falo que fale para eles, como eles imaginam, e que aplaque a sensação de insegurança antes às ditas ameaças - sejam elas representadas pelas mulheres ou pelos homossexuais - a dita masculinidade heterossexual. Bolsonaro tem consciência deste desejo quase que sexual de seus seguidores por sua imagem de macho, ex-Capitão do exército. Símbolo de virilidade. Ele joga com isso. O recurso às armas, quanto maior melhor, é um exemplo típico desse jogo. Aparecer empunhando uma arma enorme, leva seus seguidores ao delírio, quase ao gozo, que se traduz no urro "bolsomito". A arma em punho é um símbolo fálico sempre em riste, apontado para às supostas ameaças desmasculinizantes. Mas este não é o único recurso empregado neste ritual erótico entre Bolsonaro e seus seguidores. Outro é o recurso à violência. O uso da violência e da agressividade verbal como retórica. Querer ganhar a discussão no grito, no berro, na ameaça. É o uso de mais um suposto símbolo de virilidade e macheza para recrutar seguidores duvidosos de sua própria virilidade e macheza. Que buscam, desesperadamente, um símbolo másculo que os identifique e com o qual se identifiquem. São homens duvidosos de sua condição a procura de um macho, de um ser viril e másculo. Bolsonaro os representa. Ele é o seu macho, o "mito". Um falo sempre em riste e que não amolece ante quem quer que seja, e que fala o que pensa sem medo de cara feia. É o macho a seguir, é o macho a perseguir. Esse é o homem. Seus seguidores gozam ao pronunciar "bolsomito". Ficam todos molhados e suados ao se amontoarem em saguôes de aeroportos para poderem ver e, quem sabe, tocar o "mito", colocá-lo nas costas ou em cima dos ombros. Seria o êxtase. É o êxtase. Freud sempre explicou. Os desejos que Bolsonaro mobiliza em seu seguidores são eróticos e sexuais. Isto torna praticamente impossível quaquer discussão racional com seus seguidores, que não descaminhe ou termine na mobilização de um dos elementos simbólicos discutidos acima. O desejo e o erotismo prevalecem nessa relação. Gozam "bolsomito". Por Wagner Geminiano - Doutorando em História pelo PPGH-UFPE.

Foto: Leo Motta/Folha de Pernambuco

Bolsonaro recebido por fãs no aeroporto do Recife – Foto: Léo Motta/Folha de Pernambuco

A maioria homens brancos, jovens, aos gritos, berros, se acotovelando, se empurrando. Muitos deles sem camisa. Outros cabeças raspadas, alguns musculosos tipo “bombados de academia”. Todos “cidadãos de bem”, zelosos da “moral e dos bons costumes”, defensores da “família” e dos “valores cristãos”, em especial o que diz “bandido bom é bandido morto” – da família dos outros, claro. Todos irmanados num único grito de guerra e de uma hastag, quase uma palavra de ordem: “bolsomito”, “#bolsonaro2018”.

Esta parece ser a cena mais comum em torno das aparições públicas, nas suas peregrinações já em campanha, do deputado Jair Bolsonaro, país a fora. Não há como não ver nessas cenas um certo teor erótico. Uma imensa maioria de homens, ditos heteros, em busca de uma referência de masculinidade, de um macho, puro sangue, que os represente. A busca desesperada de um falo que fale para eles, como eles imaginam, e que aplaque a sensação de insegurança antes às ditas ameaças – sejam elas representadas pelas mulheres ou pelos homossexuais – a dita masculinidade heterossexual.

Bolsonaro tem consciência deste desejo quase que sexual de seus seguidores por sua imagem de macho, ex-Capitão do exército. Símbolo de virilidade. Ele joga com isso. O recurso às armas, quanto maior melhor, é um exemplo típico desse jogo. Aparecer empunhando uma arma enorme, leva seus seguidores ao delírio, quase ao gozo, que se traduz no urro “bolsomito”. A arma em punho é um símbolo fálico sempre em riste, apontado para às supostas ameaças desmasculinizantes.

Mas este não é o único recurso empregado neste ritual erótico entre Bolsonaro e seus seguidores. Outro é o recurso à violência. O uso da violência e da agressividade verbal como retórica. Querer ganhar a discussão no grito, no berro, na ameaça. É o uso de mais um suposto símbolo de virilidade e macheza para recrutar seguidores duvidosos de sua própria virilidade e macheza. Que buscam, desesperadamente, um símbolo másculo que os identifique e com o qual se identifiquem.

São homens duvidosos de sua condição a procura de um macho, de um ser viril e másculo. Bolsonaro os representa. Ele é o seu macho, o “mito”. Um falo sempre em riste e que não amolece ante quem quer que seja, e que fala o que pensa sem medo de cara feia. É o macho a seguir, é o macho a perseguir. Esse é o homem. Seus seguidores gozam ao pronunciar “bolsomito”. Ficam todos molhados e suados ao se amontoarem em saguôes de aeroportos para poderem ver e, quem sabe, tocar o “mito”, colocá-lo nas costas ou em cima dos ombros. Seria o êxtase. É o êxtase.

Freud sempre explicou. Os desejos que Bolsonaro mobiliza em seu seguidores são eróticos e sexuais. Isto torna praticamente impossível quaquer discussão racional com seus seguidores, que não descaminhe ou termine na mobilização de um dos elementos simbólicos discutidos acima. O desejo e o erotismo prevalecem nessa relação. Gozam “bolsomito”.

Por Wagner Geminiano – Doutorando em História pelo PPGH-UFPE.

COMENTÁRIOS