Pernambuco tem o maior índice de registro de HIV/ Aids do Nordeste

Pernambuco tem o maior índice de registro de HIV/ Aids do Nordeste

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) anunciou, em julho deste ano, que o mundo atingira, com nove meses de antecedência, o objetivo de chegar a 15 milhões de pessoas em tratamento. O relatório aponta o Brasil como exemplo, por iniciativas pioneiras como a fabricação de remédios antirretrovirais genéricos e sua oferta gratuita no serviço público de saúde. Entretanto, dados recentes e relatos de pacientes, especialmente em Pernambuco, indicam que ainda é necessário avançar, sobretudo no acesso à prevenção, testagem e serviços de atendimento e tratamento. Com a maior taxa de detecção do Nordeste (22 por 100 mil habitantes), Pernambuco tem o nono maior índice composto do País, indicador que considera, além da descoberta da doença, a mortalidade e a transmissão de mãe para filho (ver gráfico). Conforme o boletim epidemiológico 2014 do Ministério da Saúde, há aproximadamente 734 mil pessoas vivendo com HIV/ Aids no Brasil. Desde o início da epidemia, em 1980, até dezembro de 2013, foram identificadas 278.306 mortes tendo como causa básica a doença. Entre os homens, nos últimos dez anos houve um crescimento de 53,2% na detecção na faixa de 15 a 19 anos. Entre as mulheres, o aumento foi de 40,4% entre aquelas com mais de 60. Para o professor de Epidemiologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) João Luís da Silva, paradoxalmente, o tratamento do HIV fez com que a população mais jovem tenha a sensação equivocada de que não há riscos maiores de se contrair o vírus. “As campanhas de prevenção não dialogam com essa população. O discurso que incute o medo não ajuda a prevenir. Pelo contrário, causa mais dúvidas, gera mitos e distorce as informações”, ressalta. No País, observa-se uma tendência significativa de queda na mortalidade em decorrência da Aids na última década: de 6,1 óbitos para cada  100 mil habitantes em 2004, para 5,7 em 2013. No entanto, na Região Nordeste, houve crescimento de 41,9%, passando de 3,1 para 4,4 mortes para cada 100 mil habitantes. Conforme o boletim do Programa Estadual DST/Aids, atualizado até março de 2015, 107 dos 185 municípios pernambucanos apresentam casos notificados. A Região Metropolitana concentra 62,27% notificações de HIV, sendo 31,44% no Recife. O mesmo documento mostra que a proporção, que era de 26 homens para cada mulher em 1983, hoje é de 1,6. O aumento observado entre as casadas – que acreditam não poder contrair a doença do marido – e os índices de violência sexual seriam os principais motivos da mudança nessa relação, aponta Silva. “No Nordeste, os códigos sociais do machismo patriarcal e da mulher como propriedade as deixam ainda mais vulneráveis”, diz o professor. Coordenador do Programa Estadual de DST/Aids, François Figueirôa considera que a epidemia está estabilizada no Estado. Porém, num patamar alto. Diante do perfil crescente de infecções em mulheres e adolescentes, ele defende a importância de uma ação integrada dos setores de saúde e educação. “A discriminação e o preconceito isolam as pessoas, que evitam fazer o teste e abandonam o tratamento. O grande desafio é que a escola tenha mais participação, pois há um grande contingente de jovens contraindo a doença”, enfatiza. Fonte: Tribuna Parlamentar - ALEPE

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NÚMEROS – Nos últimos dez anos, houve no Brasil um crescimento de 53,2% na detecção de HIV/Aids entre homens na faixa de 15 a 19 anos e de 40,4% entre mulheres com mais de 60. Foto: Foto: Mario Cuitiño/Flickr

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) anunciou, em julho deste ano, que o mundo atingira, com nove meses de antecedência, o objetivo de chegar a 15 milhões de pessoas em tratamento. O relatório aponta o Brasil como exemplo, por iniciativas pioneiras como a fabricação de remédios antirretrovirais genéricos e sua oferta gratuita no serviço público de saúde. Entretanto, dados recentes e relatos de pacientes, especialmente em Pernambuco, indicam que ainda é necessário avançar, sobretudo no acesso à prevenção, testagem e serviços de atendimento e tratamento.

Com a maior taxa de detecção do Nordeste (22 por 100 mil habitantes), Pernambuco tem o nono maior índice composto do País, indicador que considera, além da descoberta da doença, a mortalidade e a transmissão de mãe para filho (ver gráfico). Conforme o boletim epidemiológico 2014 do Ministério da Saúde, há aproximadamente 734 mil pessoas vivendo com HIV/ Aids no Brasil. Desde o início da epidemia, em 1980, até dezembro de 2013, foram identificadas 278.306 mortes tendo como causa básica a doença. Entre os homens, nos últimos dez anos houve um crescimento de 53,2% na detecção na faixa de 15 a 19 anos. Entre as mulheres, o aumento foi de 40,4% entre aquelas com mais de 60.

Para o professor de Epidemiologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) João Luís da Silva, paradoxalmente, o tratamento do HIV fez com que a população mais jovem tenha a sensação equivocada de que não há riscos maiores de se contrair o vírus. “As campanhas de prevenção não dialogam com essa população. O discurso que incute o medo não ajuda a prevenir. Pelo contrário, causa mais dúvidas, gera mitos e distorce as informações”, ressalta. No País, observa-se uma tendência significativa de queda na mortalidade em decorrência da Aids na última década: de 6,1 óbitos para cada  100 mil habitantes em 2004, para 5,7 em 2013. No entanto, na Região Nordeste, houve crescimento de 41,9%, passando de 3,1 para 4,4 mortes para cada 100 mil habitantes.

info_Aids_siteConforme o boletim do Programa Estadual DST/Aids, atualizado até março de 2015, 107 dos 185 municípios pernambucanos apresentam casos notificados. A Região Metropolitana concentra 62,27% notificações de HIV, sendo 31,44% no Recife. O mesmo documento mostra que a proporção, que era de 26 homens para cada mulher em 1983, hoje é de 1,6. O aumento observado entre as casadas – que acreditam não poder contrair a doença do marido – e os índices de violência sexual seriam os principais motivos da mudança nessa relação, aponta Silva. “No Nordeste, os códigos sociais do machismo patriarcal e da mulher como propriedade as deixam ainda mais vulneráveis”, diz o professor.

Coordenador do Programa Estadual de DST/Aids, François Figueirôa considera que a epidemia está estabilizada no Estado. Porém, num patamar alto. Diante do perfil crescente de infecções em mulheres e adolescentes, ele defende a importância de uma ação integrada dos setores de saúde e educação. “A discriminação e o preconceito isolam as pessoas, que evitam fazer o teste e abandonam o tratamento. O grande desafio é que a escola tenha mais participação, pois há um grande contingente de jovens contraindo a doença”, enfatiza.

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Fonte: Ministério da Saúde – 2009 a 2013

Fonte: Tribuna Parlamentar – ALEPE

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