Por Dennys Sousa, Cientista Político
O embate entre o Congresso e o Palácio do Planalto torna-se evidente, revelando uma dinâmica de dificuldade de diálogo no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O Legislativo parece buscar impor sua vontade, como visto na aprovação do novo ensino médio sem acordo com o Ministério da Educação.
O Congresso assume a dianteira na definição das pautas políticas, evidenciando sua capacidade de determinar o rumo das discussões e decisões, mesmo que em desacordo com o Executivo. A recusa em apoiar medidas governamentais, como a ampliação da isenção tributária das igrejas, demonstra a independência e assertividade do Legislativo na defesa de seus interesses e agendas.
De acordo com a Constituição brasileira, as funções do Estado são exercidas por três Poderes distintos e independentes, e o que rege tudo isso é o equilíbrio entre ambos. No entanto o que vemos é um desequilíbrio crescente nesses poderes, com o Congresso emergindo como protagonista na formulação de políticas públicas, enquanto o Executivo parece ceder às pressões legislativas. A insistência do presidente Lula em reuniões com parlamentares e sua preocupação com a PEC da reeleição indicam uma inversão do padrão esperado no sistema presidencialista. A relação entre Executivo e Legislativo é marcada por uma dinâmica complexa de negociação, permeada por tentativas frustradas de diálogo e imposições por parte do Congresso. As investidas do Planalto para influenciar as decisões parlamentares, como o pedido de apoio da bancada evangélica em troca de votos, são refutadas, demonstrando a resistência do Legislativo em ceder às pressões externas.
O fortalecimento do Congresso como ator político central pode ter implicações significativas para a governabilidade futura do país. A ascendência do Legislativo sobre o Executivo desafia o equilíbrio institucional e a estabilidade política, exigindo do governo habilidades de negociação e adaptação para avançar com sua agenda. O cenário de tensão persistente entre os poderes pode ameaçar a legitimidade do sistema democrático brasileiro e minar a confiança pública nas instituições.
E AGORA? – Com tanta força do congresso nacional, será que veremos um presidencialismo disfarçado de parlamentarismo?