Por Dennys Sousa, Cientista Político
Na última quinta-feira (30/09), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a Lei Complementar 200/23 que institui o novo arcabouço fiscal do Brasil, marcando uma mudança significativa na forma como o governo federal gerencia suas finanças. Essa nova lei substitui o antigo teto de gastos públicos, introduzindo uma abordagem mais flexível para garantir a responsabilidade fiscal enquanto impulsiona o crescimento econômico.
Uma das principais características desse novo regime é a busca por manter as despesas abaixo das receitas a cada ano priorizando o superávit para investimentos. Se houver sobras no orçamento, elas serão direcionadas para áreas que impulsionem o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade da dívida pública. O governo enfatiza que essa abordagem mais flexível permitirá que a economia se adapte a choques econômicos, sem comprometer a consistência do orçamento no médio e longo prazo. Além disso, a nova regra visa cumprir os princípios da responsabilidade social e fiscal, garantindo o financiamento adequado das políticas públicas.
Uma das críticas ao antigo teto de gastos era o contingenciamento de investimentos em prol de gastos correntes, o que prejudicava o crescimento econômico e a criação de empregos. Com a implementação do novo regime fiscal, o governo espera eliminar o déficit fiscal já em 2024 e alcançar superávit em 2025, de acordo com informações da Presidência da República.
O texto da nova lei também estabelece sanções obrigatórias para o governo caso a meta de resultado primário do ano anterior não seja alcançada. Essas metas serão definidas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a despesa primária será ajustada de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o crescimento da receita primária descontada da inflação.
Dois pontos de destaque nos vetos do presidente Lula foram a limitação de empenho e pagamento de despesas de investimento no âmbito do Poder Executivo e a exclusão de despesas primárias da apuração da meta de resultado primário. O governo argumenta que essas medidas poderiam prejudicar as despesas essenciais da União e que a LDO é o instrumento adequado para gerir as metas de resultado fiscal.
Resumo do novo arcabouço fiscal
As principais características desse novo regime incluem:
1. Flexibilidade Fiscal: Ao contrário do teto de gastos, o novo arcabouço fiscal é mais flexível, permitindo ajustes para acomodar choques econômicos sem comprometer a responsabilidade fiscal.
2. Priorização de Investimentos: O regime busca manter as despesas abaixo das receitas a cada ano e direcionar eventuais sobras para investimentos, visando promover o crescimento econômico e a sustentabilidade da dívida pública.
3.Responsabilidade Social e Fiscal: O governo enfatiza a importância de garantir a responsabilidade social, assegurando financiamento adequado para políticas públicas, ao mesmo tempo em que mantém a responsabilidade fiscal.
4. Fim do Contingenciamento de Investimentos: O antigo teto de gastos frequentemente resultava no contingenciamento de investimentos em prol de gastos correntes. O novo regime visa eliminar esse problema.
5. Metas e Sanções: As metas de resultado primário serão definidas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), com ajustes anuais baseados no IPCA e no crescimento da receita primária. Sanções obrigatórias estão previstas se as metas não forem cumpridas.
6.Vetos: O presidente Lula vetou duas partes da lei, uma relacionada à redução de despesas de investimento em caso de limitação de empenho e outra relacionada à exclusão de despesas primárias da apuração da meta de resultado primário.
Em resumo, o novo arcabouço fiscal do Brasil representa uma mudança significativa na forma como o governo lida com suas finanças, priorizando o crescimento econômico e a responsabilidade fiscal. Essas mudanças no arcabouço fiscal representam uma tentativa de encontrar um equilíbrio entre a responsabilidade fiscal e a promoção do crescimento econômico. Como essa lei entra em vigor, será importante acompanhar de perto como ela será implementada e seu impacto nas políticas públicas e na economia do país.
Fontes: Agência Senado / Agência Câmara de Notícias
E AGORA? – Será que a flexibilidade do novo arcabouço fiscal é realmente uma solução para impulsionar o crescimento econômico ou isso pode abrir portas para uma gestão financeira mais frouxa e potencialmente prejudicial?